domingo, 25 de novembro de 2012

Pequenos agricultores articulam a criação do Polo de Pinhão-manso do Estado do Pará


Um grupo de agricultores familiares localizados nas Regiões de Tucuruí e Altamira, no Pará, articula a criação de uma associação de produtores e o polo paraense do pinhão-manso
Pequenos agricultores localizados nas regiões de Tucuruí e Altamira, Estado do Pará, que no passado cultivaram pinhão-manso silvestre e alcançaram lucratividade insatisfatória por causa principalmente dos baixos índices de produtividade e baixos preços de mercado voltam a se reanimarem com a atividade.
Esse novo ânimo se deve ao anúncio do potencial produtivo dos novos híbridos de pinhão-manso com alto rendimento e alta nos preços dos grãos pagos, sobretudo, no mercado internacional.
Carentes de alternativas de trabalho e renda com dificuldades de associarem-se para desenvolvimento de atividades produtivas comuns, enfrentando problemas diversos como: baixa escala e dificuldade de escoamento da produção; distantes dos grandes centros consumidores de produtos tradicionais e sem garantias de compra de seus produtos; práticas agrícolas ultrapassadas e agressivas aos recursos naturais (solo e hídricos); distantes das novas técnicas eficientes de produção agrícola; aliado à dificuldade de acesso e os altos custos dos insumos, dificuldade de créditos para recuperação das áreas degradadas, entre outros fatores, esses pequenos agricultores, se veem forçados a abandonarem o campo.
Entretanto, como esses agricultores já experimentaram, no passado, a atividade de cultivo do pinhão-manso e sentiram certa facilidade no manejo; animados com os bons preços de mercado; diante das perspectivas de aumento da lucratividade com as variedades elite de pinhão-manso e a revolução das técnicas de tratos culturais de baixo custo; aliado a crescente e gigantesca demanda mundial por matéria-prima para a produção dos biocombustíveis e geração de energia renovável anunciado para os próximos 10 anos; e o interesse de grandes empresas internacionais interessadas em firmar contrato de longo prazo garantindo a compra da produção: reacende a esperança e renova interesse desses agricultores pela atividade.
Outros fatores que estão pesando favoravelmente ao pinhão-manso, na análise desses agricultores, são: as ótimas condições agroclimáticas que fazem da região de Altamira e Tucuruí um dos melhores lugares do planeta para se alcançar boa produtividade com a atividade – no passado houve áreas que produziram até 5,09 toneladas de grão por hectare, em 8 meses de colheita; sua localização estratégica em relação ao mercado internacional – onde se alcança os melhores preços; e a redução do frete com o emprego do modal hidroviário para o escoamento interno e externo da produção.
Outro atrativo favorável ao pinhão-manso é a possibilidade de concentrar, em locais próximos, grandes áreas de cultivo (escala de produção) e o emprego de técnicas mais avançadas de manejo da cultura; o que estão sendo percebido por esses agricultores como meios de fortalecer o associativismo e reduzir os custos de produção, inclusive, com a compra coletiva de insumos.
Todos esses fatores associados vão favorecer o aumento da lucratividade e rentabilidade para a atividade de cultivo do pinhão-manso: na opinião desses pequenos agricultores.
A característica do pinhão-manso de permitir o consórcio com culturas alimentares sazonais e criação de pequenos animais reduzem os impactos sobre a cadeia de suprimento alimentar na agricultura familiar, além do desenvolvimento dessa atividade não concorrer com as já existentes nessas pequenas propriedades.
Segundo levantamento realizado por esses mesmos agricultores, junto a órgãos competentes, atualmente as duas regiões juntas poderiam disponibilizar mais de 150.000 hectares para um projeto dessa natureza (considerando somente 5 hectares por pequena propriedade rural).
Ao desenvolvimento do projeto agrega-se vantagem adicional (característica da planta pinhão-manso) de enriquecimento do solo e retorno à propriedade e/ou áreas de cultivo da torta do pinhão-manso como biofertilizante natural: minimizando os custos de produção; maximizando os lucros; e abrindo caminho para desenvolvimento da agricultura orgânica nas pequenas propriedades rurais.
Os pequenos agricultores das regiões de abrangência do projeto entendem que a associação desses fatores contribuirá para aumentar as fontes de renda, os lucros, e, consequentemente, agregará valor à qualidade de vida e dinamizará a economia regional.
Assim sendo, esses mesmos agricultores estão em processo de constituição da primeira associação dos pequenos produtores de pinhão-manso do Estado do Pará; avançam no projeto de implantação do polo paraense do pinhão-manso e já começam a deflagrar convite para empresas multinacionais interessadas em firmar  parceiras e/ou apoiarem essa iniciativa. Contempla também no escopo do projeto a implantação de unidade de processamento de grão e extração de óleo bruto de pinhão-manso, em local estratégico, a fim de atender melhor aos interesses duas regiões e dos parceiros internacionais.  
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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Embrapa amplia pesquisa com pinhão manso como alternativa na produção de biodiesel


Cultura produz óleo de qualidade superior ao de soja, mas acidez é desafio aos pesquisadores
Uma planta que, no passado, já foi utilizada até como cerca viva, dividindo propriedades rurais em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, hoje é esperança para produção de biodiesel. O pinhão manso produz um óleo de qualidade superior ao óleo de soja, mas os pesquisadores da Embrapa têm um grande desafio pela frente: diminuir a acidez e chegar a um genótipo que seja comercialmente viável no mercado.
Até ganhar a importância merecida dentro de um laboratório, o pinhão manso foi utilizado para várias finalidades, até como purgante, durante o século 19. Hoje, já é conhecida a qualidade da planta, mas a história ainda está longe de ter um final diferente.
Segundo a pesquisadora Adélia Machado, o pinhão manso apresenta uma característica que é a maturação heterogênea das frutas no mesmo cacho. Por essa razão, segundo ela, um dos desafios dos pesquisadores é encontrar o ponto certo de maturação, para que se alcance um maior potencial da planta em termos de produção de óleo sem que se perca em qualidade. O que parece fácil em outras culturas, é tarefa complicada com os frutos.
É para isso que trabalham os pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro. Achar uma maneira de colher frutos tão heterogêneos sem perder o potencial da planta é a garantia de um óleo com baixa acidez, bom para o biodiesel.
– A parte de pós-colheita do fruto também é importante, o tratamento que é dado à fruta após a colheita, o despolpamento, a secagem das sementes, tudo influencia na qualidade do óleo e, por consequência, no biodiesel – afirma a pesquisadora Adélia Machado.
A pesquisadora Rosemar Antoniassi afirma que o índice de extração de óleo da semente de pinhão manso – entre 30% a 40% – é considerado bastante elevado, o que demonstra grande potencial para utilização na produção de biodiesel.

– A Embrapa já dispõe de genótipo com alto rendimento em óleo e ela está estudando também outros fatores importantes como a alta produtividade da planta por hectare e a resistência a praga também.

No entanto, apesar do alto rendimento, Rosemar alerta para a umidade, que ameaça a qualidade do produto.
– Você tem que fazer uma coleta coletiva deste material, separando os mais maduros dos mais verdes, tem que haver uma separação na hora da colheita, não se pode colher o material verde ou amarelo esverdeado porque ele vai ter umidade elevada.

Notas do mantenedor do blog
Caros leitores, temos chamado a atenção para alguns gargalos no manejo da cultivo do pinhão-manso, dentre eles o controle de pragas e doenças, o ponto de colheita do fruto e a armazenagem devem ser redobrados no estágio atual de domínio do conhecimento sobre a planta. A umidade deve ser controlada, uma vez que o fruto verde apresenta alta umidade e baixo teor de óleo entende-se que a melhor opção é colher frutos maduros. Isso só é possível (no estágio atual) com a colheita manual, ou seja, o que pode ser uma boa alternativa de otimizar a mão de obra na agricultura familiar. A umidade ideal para armazenamento do grão é de 7%.
Já dissemos anteriormente que o ataque do percevejo compromete significativamente o teor de óleo do grão, portanto, esse controle deve ser priorizado. 

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sábado, 3 de novembro de 2012

Mini prensas para extração de óleo e sistema de cultivo do pinhão-manso para desenvolvimento de pequenas comunidades rurais



Prezados leitores, estava pesquisando sobre o potencial do pinhão-manso para o desenvolvimento de pequenas propriedades rurais e nos deparamos com um artigo intitulado Integrated Rural Development by Utilisation of Jatrophacurcas L. as Raw Material and as Renewable Energy, publicado em 2007 pelo pesquisador Dr. Reinhard K. Henning. Este pesquisador é chamado de o Pai do Sistema Jatropha.
Transcreveremos a seguir trechos deste artigo que poderá servir de base para o aperfeiçoamento dos sistemas de desenvolvimento do cultivo e viabilização do pinhão-manso com foco na agricultura familiar.
O cenário deste estudo são as mulheres Massai e mulheres de Mtu Wa Mbu, região Arusha, na Tanzânia. O projeto KAKUTE convenceu essas mulheres sobre o potencial do pinhão-manso para o desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida dessas comunidades rurais isoladas.
Interessante é que o pinhão-manso nas regiões estudadas não era destinado à produção de bioenergia (extração do óleo) mas sim como cercas vivas e na fabricação de sabão caseiro. O projeto KAKUTE provou a viabilidade econômica e despertou o interesse pelo cultivo do pinhão-manso nas pequenas comunidades rurais quando o seu óleo é destinado á fabricação de sabonetes medicinais.
O nosso principal interesse nesse estudo está relacionado à abordagem totalmente diferente dos aspectos econômicos, em relação ás abordagens  tradicionais.
Acompanhe abaixo os resultados:
Colheita e processamento do fruto
A produção de sementes/grãos (colheita e debulha do fruto de pinhão-manso)  é analisada em quilogramas por hora, ou seja, quantos quilos de grão um agricultor é capaz de colher por hora.
O estudo indica que cada agricultor (mulher) é capaz de colher 2 kg/hora de trabalho.  
Considerando o preço pago pela produção (2 kg de grãos) em relação à hora trabalhada, a mulher agricultora recebe US$ 0,29/hora trabalhada (equivalente a R$ 0,58/h – dólar a R$ 2,00).
Extração do óleo de pinhão-manso: agregação de valor com a atividade
Para simplificar o entendimento do processo de agregação de valor à atividade com a extração do óleo do grãos o projeto toma por base um volume de 5 kg de grãos processados por hora, ou seja, o emprego de prensas manuais consideradas de alto rendimento na extração de óleo da semente de pinhão-manso.
Na extração do óleo a relação é de 1 litro de óleo/hora trabalhada.
No cálculo de aquisição do grão, foi considerado que a compra do grão/semente é de terceiro e o preço é de US$ 0,71/litro de óleo extraído (equivalente a R$ 1,42/litro).
Outra consideração muito importante é o equipamento descrito no projeto para a extração do óleo. Foram usadas mini prensas manuais que apresentam “relativa” baixa eficiência no processo de extração do óleo. Neste caso, o custo  da depreciação/manutenção é de US$ 0,04/ kg de grãos processado.
Considerando a venda de 1 litro de óleo por US$ 1,90, a receita total é de US$ 0,99 (equivalente a R$ 1,98/litro de óleo comercializado).Conclui-se que foi agregado à renda da agricultora um valor de US$ 0,66/hora trabalhada (equivalente a R$ 1,32/hora).
Fabricação do sabonete medicinal de pinhão-manso – agregação de valor com a atividade
O estudo concluiu que para fabricar 252 barras de sabonet medicinal com óleo de pinhão-manso consome-se 16 horas de trabalho mais 10 horas para outras atividades relacionadas, total de 26 horas.
Vamos aos resultados financeiros para produção de 252 barras de sabonete medicinal.
Premissas:
O sabonete medicinal é vendido a aproximadamente US$ 0,48/barra;
Para fabricação de 252 barras de sabão medicinal consome-se 20 litros de pinhão-manso - custo total de US$ 38,10;
Consome-se 3 kg de soda castiça – custo total de US$ 14,29;
O custo total da embalagem é de US$ 2,85/252 barras de sabonetes.
O resultado é:
Faturamento total é de US$ 120,00/252 barras de sabonete medicinal.  
Os custos totais para fabricação para as 252 barras de sabonete é de US$ 55,24.
Gerando lucro bruto de US$ 64,76/252 barras de sabonete medicinal vendidos.
Portanto, a fabricação de sabonete medicinal, utilizando o óleo de pinhão-manso, pode agregar à renda da agricultora US$ 2,49/hora trabalhada (equivalente a R$ 4,98/hora).
As prensas extratora de pinhão-manso utilizadas nesse projeto é da marca Bielenberg.
Apresentamos à seguir algumas opções de mini prensas mecânicas extratora de óleo de pinhão-manso de baixo custo e alto rendimento (até 94% de eficiência na extração de óleo), indicadas para as pequenas comunidades rurais – agricultura familiar.
Fabricantes:

Essas prensas possuem capacidade de processamento de 3 a 100 kg de pinhão-manso/hora ou extrair de 4 a 75 litros de óleo/hora. O fornecedor alemão oferece também a opção de um modelo de prensa manual.
Os preços variam de US$ 4.990 a 19.990 a unidade – referência para o mercado dos USA.
Para mais informações e detalhamento sobre o projeto KAKUTE indicamos o link: http://www.jatrophabiodiesel.org/drRKHeaning.php