Reproduzimos o post publicado pela FAPESP intitulado O suor do pinhão-manso que traz um resumo sobre pesquisa da evapotranspiração nesta
cultura.
A necessidade de
aferir de forma científica o consumo de água do pinhão-manso, planta com frutos
de alto potencial para produção de biodiesel, levou pesquisadores da Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo
(USP) em Piracicaba, no interior paulista, a planejar e construir seis
lisímetros de pesagem, equipamentos que medem a evaporação do solo e a
transpiração das plantas, a chamada evapotranspiração. Sob a coordenação do
professor Marcos Folegatti, o doutorando Danilton Flumignan construiu os
lisímetros com financiamento da FAPESP. Cada lisímetro é composto por um tanque
instalado no solo sobre um sistema de pesagem. Dentro de cada tanque são
colocadas
25 toneladas de
terra e apenas uma planta de pinhão-manso.
A variação de massa no sistema de pesagem
determina a transpiração. “Queremos verificar qual o consumo de água do
pinhão-manso”, diz Danilton. “Para isso, vamos estudar a planta com dois tipos
de irrigação, gotejamento e pivô central, além da condição de não irrigação. É
um acompanhamento que deverá durar cerca de oito anos”, diz.
Abaixo
segue o post intitulado Lisímetro de pesagem direta publicado no site da ESALQ em
março/2012
O mundo encontra-se em uma fase de
mudança da matriz energética. As fontes limpas e renováveis de energia são cada
vez mais utilizadas, objetivando-se reduzir os impactos ambientais e devido ao
caráter finito das reservas de petróleo. Dentre as diferentes oleaginosas
empregadas para a produção de biodiesel, o pinhão-manso (Jatropha curcas L.)
tem se apresentado como alternativa. Segundo o engenheiro agrônomo Danilton
Luiz Flumignan, pesquisador da Escola Superior de Agricultura "Luiz de
Queiroz" (ESALQ/USP), a planta poderá se tornar uma boa fonte de
biocombustível.
Apesar de ser uma espécie ainda não domesticada, cujo conhecimento
técnico/científico é reduzido, o pinhão-manso possui características atrativas,
como, por exemplo, alto rendimento de óleo, o qual poder ser facilmente
convertido em biodiesel líquido, com especificações que atendem aos padrões
exigidos pelos mercados dos Estados Unidos e Europa. Além disso, possui bom
desempenho no aproveitamento e recuperação de áreas degradadas e é considerado
exigente em insolação, tolerante a seca e à baixa fertilidade dos solos.
"Apesar de acreditar-se que o pinhão-manso seja uma planta tolerante a seca,
isso ainda não foi devidamente estudado no rigor do âmbito científico e,
portanto, não implica dizer que a mesma não irá produzir mais se receber mais
água, como por irrigação. Embora haja muita especulação a respeito do consumo
hídrico do pinhão-manso, na realidade pouco se sabe de fato e, portanto, o
conhecimento atualmente disponível ainda é escasso e constitui um dos
principais motivos que inviabilizam a exploração desta cultura no mundo",
afirma Flumignan.
Falta Água
Um dos maiores impasses do setor agroenergético
atualmente é o fato de que o aumento na produção de biodiesel irá aumentar a
pressão pelo uso da água. Para se ter uma ideia, a irrigação é responsável pela
retirada de, aproximadamente, 70% de toda água doce no mundo. "A sociedade
encontra-se diante de uma transição bastante tênue: de um lado é preciso
aumentar a produção de biodiesel e, do outro, tanto nos cultivos sem irrigação,
quanto nos irrigados, é preciso otimizar o aproveitamento dos recursos
hídricos, minimizando os impactos provocados. Para isso, é de suma importância
conhecer o consumo hídrico dos cultivos", explica.
Segundo o pesquisador, o consumo
hídrico de uma determinada cultura nada mais é do que a sua evapotranspiração,
ou seja, a quantidade de água que é transferida para a atmosfera por evaporação
do solo e da vegetação molhada após eventos de chuva ou irrigação e, também,
pela transpiração da planta. "A evapotranspiração pode ser medida com
satisfatória acurácia e resolução temporal utilizando lisímetros de pesagem.
Basicamente, na lisimetria de pesagem, a evapotranspiração é obtida por meio de
um sistema de pesagem que monitora a variação da massa de um bloco de solo
isolado dentro de um tanque, no qual é cultivada a cultura de interesse",
explica. Como a dinâmica do consumo de água do pinhão-manso sob condição
irrigada e não irrigada ainda é pouco conhecida, Flumignan desenvolveu durante
o Doutorado em Irrigação e Drenagem na ESALQ, uma pesquisa para permitir o
estudo do consumo hídrico da cultura. O objetivo da pesquisa foi construir seis
lisímetros de pesagem direta que poderão agora ser utilizados para estudar a
evapotranspiração do pinhão-manso cultivado sem irrigação e com irrigação por
pivô central e gotejamento.
No trabalho, orientado pelo professor
Marcos Vinícius Folegatti, do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB)
da ESALQ, foram construídos os lisímetros e também avaliou-se a influência do
vento e da temperatura do ar nos medidores. Os lisímetros, cujas massas chegam
a quase 30 toneladas, necessitaram um ano para serem construídos. Depois de
testá-los no campo, Flumignan afirma que os seis lisímetros de pesagem direta
apresentaram qualidade suficiente para determinar a evapotranspiração do
pinhão-manso nas escalas horária e diária, sem sofrer influência do vento ou da
temperatura do ar.
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