domingo, 28 de outubro de 2012

Estudo indica que pinhão-manso pode recuperar áreas degradadas

Foto: tonrulkens / Creative Commons
Plantações com mais de 4 anos de cultivo sequestram 1.450 quilos de CO² por ano através da queda de folhas, poda de galhos e de resíduos depois da extração do óleo, diz o estudo.
O cultivo em grande escala de pinhão-manso – cultura que fez fama como fonte potencial para o biodiesel– pode melhorar a qualidade de solos degradados e ajudar a impedir a mudança do clima, diz um novo estudo realizado por pesquisadores da Índia.
Cientistas do Instituto Internacional de Pesquisa de Colheitas nos Trópicos Semiáridos, em Hiderabad (Índia), descobriram que estas plantações podem sequestrar carbono em quantidades abundantes. As descobertas foram relatadas na edição de outubro da publicação científica Agriculture, Ecosystems and Environment.
Os cientistas do Instituto, liderados por Suhas Wani, estudaram plantações de pinhão-manso em seis locais diferentes na Índia e mediram a quantidade de CO2 que elas removiam da atmosfera. Nas plantações com mais de quatro anos, cada hectare plantado captura até 1.450 quilos de carbono orgânico por ano através da queda de folhas, da poda de galhos e do resíduos da extração do óleo, diz o estudo. Além disso, a atividade das raízes das plantas aumenta a quantidade de carbono orgânico presente no solo ao encorajavam o crescimento da população de micróbios no solo – um importante indicador da saúde de terras agrícolas.
A disponibilidade de nutrientes na terra também melhorou por meio da reciclagem da biomassa que cai de volta ao solo. Os níveis de nitrogênio aumentaram em 85 quilos por hectare, os de potássio em 44 quilos e os de fósforo em 8 quilos.
Experiências anteriores mostraram que o cultivo comercial de pinhão-manso enfrenta muitos problemas, incluindo a não disponibilidade de sementes de qualidade e a necessidade de insumos como irrigação e fertilizantes.
Segundo Wani, o nível de produtividade atual dos cultivos de pinhão-manso – entre 1 e 1,5 tonelada de óleo por hectare cultivado – não tornam o plantio em escala comercial para a produção de biodiesel economicamente viável. Mas a planta ainda poderia ser aproveitada em processos de restauração de áreas degradadas. “Nossa ênfase é na redução das áreas degradas e dos problemas que elas provocam como erosão, assoreamento e redução dos lençóis freáticos. Se pudermos reabilitar essas terras, poderemos aumentar o sequestro de carbono e a fertilidade dos solos”, disse Wani.
Outro dos responsáveis pelo estudo, o professor associado da Universidade Agrícola Jawaharlal Nehru, Viajay Gour, diz que o entusiasmo em relação ao potencial comercial do pinhão-manso levou diversas empresas a investirem no cultivo de larga escala sem o devido planejamento e, consequentemente, à frustração das expectativas. Contudo, melhorias na genética das cultivares e mais estudos nas técnicas de plantio, podem tornar a espécie uma fonte viável de óleo vegetal para a indústria de biocombustíveis.

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