terça-feira, 16 de outubro de 2012

Embrapa amplia pesquisa com pinhão manso como alternativa na produção de biodiesel



Cultura produz óleo de qualidade superior ao de soja, mas acidez é desafio aos pesquisadores

Uma planta que, no passado, já foi utilizada até como cerca viva, dividindo propriedades rurais em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, hoje é esperança para produção de biodiesel. O pinhão-manso produz um óleo de qualidade superior ao óleo de soja, mas os pesquisadores da Embrapa têm um grande desafio pela frente: diminuir a acidez e chegar a um genótipo que seja comercialmente viável no mercado.
Até ganhar a importância merecida dentro de um laboratório, o pinhão-manso foi utilizado para várias finalidades, até como purgante, durante o século 19. Hoje, já é conhecida a qualidade da planta, mas a história ainda está longe de ter um final diferente.
Segundo a pesquisadora Adélia Machado, o pinhão-manso apresenta uma característica que é a maturação heterogênea das frutas no mesmo cacho. Por essa razão, segundo ela, um dos desafios dos pesquisadores é encontrar o ponto certo de maturação, para que se alcance um maior potencial da planta em termos de produção de óleo sem que se perca em qualidade. O que parece fácil em outras culturas, é tarefa complicada com os frutos.
É para isso que trabalham os pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro. Achar uma maneira de colher frutos tão heterogêneos sem perder o potencial da planta é a garantia de um óleo com baixa acidez, bom para o biodiesel.
– A parte de pós-colheita do fruto também é importante, o tratamento que é dado à fruta após a colheita, o despolpamento, a secagem das sementes, tudo influencia na qualidade do óleo e, por consequência, no biodiesel – afirma a pesquisadora Adélia Machado.
A pesquisadora Rosemar Antoniassi afirma que o índice de extração de óleo da semente de pinhão manso – entre 30% a 40% – é considerado bastante elevado, o que demonstra grande potencial para utilização na produção de biodiesel.
– A Embrapa já dispõe de genótipo com alto rendimento em óleo e ela está estudando também outros fatores importantes como a alta produtividade da planta por hectare e a resistência a praga também.
No entanto, apesar do alto rendimento, Rosemar alerta para a umidade, que ameaça a qualidade do produto.
– Você tem que fazer uma coleta coletiva deste material, separando os mais maduros dos mais verdes, tem que haver uma separação na hora da colheita, não se pode colher o material verde ou amarelo esverdeado porque ele vai ter umidade elevada.
Nossos comentários – Pinhão Manso News
A limitação atribuída ao pinhão-manso quanto a maturação desuniforme de frutos é uma característica favorável ao desenvolvimento da atividade para o pequeno agricultor.
A maior limitação da cultura no passado era a baixa produtividade. Esse grande desafio já está numa etapa avançada de pesquisa – “genótipo com alto rendimento em óleo” desenvolvidos pela Embrapa. Além de outros institutos de pesquisas largamente divulgados neste blog (SGBiofuels e JOil).
A umidade, sem dúvida, é outro gargalo a ser superado. O grão deve ser armazenado a umidade em torno de 7% para se evitar a degradação e/ou a germinação indesejada com consequente perda do teor de óleo.
Outro desafio para a cultura é o ataque de pragas, sendo o ataque do percevejo (Pachycoris sp.) um dos principais responsáveis pela queda acentuada no teor de óleo do grão.
Entretanto todos esses gargalos são matéria prima e desafio para nossos pesquisadores. Assim como qualquer outra cultura comercial que no passado possuíam limitações diversas e foram superadas, não será diferente para com o pinhão-manso.
Os surpreendentes avanços tecnológicos atuais pesam a favor do pinhão-manso: muito se avançou, em tão pouco tempo, nos estudos aprofundados sobre a cultura.
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