quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Polêmica dos transgênicos aplicações e avanços na área da Biotecnologia Vegetal aplicada também ao pinhão-manso


Caros leitores, em artigos anteriores, abordamos a contribuição da biotecnologia para o desenvolvimento da cadeia produtiva do pinhão-manso. Ela, sem dúvida, é uma das principais tecnologias aplicadas que veio dar um impulso e acelerar o processo de domesticação e viabilização da atividade para  esta oleaginosa – atentar para o fato que o pinhão manso é uma cultura de ciclo longo.
Nesse sentido, pesquisas diversas estão sendo conduzidas por dedicados pesquisadores ao redor do mundo e ligados a Universidades e Institutos de Pesquisas com o propósito de fornecer as respostas que o setor tanto demanda, sobretudo, ao agricultor, na ponta da cadeia. Já anunciamos várias descobertas interessantes e avanços expressivos rumo à agregação de valor e à maximização dos resultados; graças ao emprego da biotecnologia aplicada na cultura do pinhão-manso. Elaboramos o artigo abaixo objetivando ampliar o conhecimento dos nossos leitores sobre o tema.
Boa leitura!
Aplicações e Avanços na Área da Biotecnologia Vegetal
Todas as formas de melhoramento de plantas envolvem a seleção. Desde há 10.000 anos que este processo se realiza, por meios progressivamente mais científicos, conduzindo a maiores ganhos em produtividade, qualidade e diversidade das plantas exploradas.
As plantas, não possuindo a capacidade de se deslocarem, desenvolveram mecanismos sofisticados de defesa contra herbívoros, patógenos e outros agentes de stress. Alguns produtos do metabolismo secundário das plantas têm forte ação tóxica e podem funcionar como defesas.
Nestes produtos incluem-se, por exemplo, a amidalina (inibe a citrocomo oxidase interrompendo a respiração celular), a nicotina (inseticida potente), cardenólidos (inibidores de Na+-K+), a solanina, psoralenos e muitos outros compostos pouco recomendáveis na alimentação humana e animal.
Ao longo da história da humanidade o homem sempre se utilizou de meios naturais para transformar as características dos vegetais utilizados para satisfazer a alguma necessidade; seja alimentar, energética, de defesa agrícola, de medicamento, de utilidade doméstica, entre outras. Um processo antigo adotado por agricultores, ao longo dos tempos, de forma gradualmente e eficiente, foi o de transformar plantas não comestíveis em comestíveis – por exemplo.
Os princípios estabelecidos por Mendel, no séc. XIX, permitiram dominar o conhecimento sobre o melhoramento convencional por cruzamento e seleção.  Neste caso, uma planta selecionada (progenitora), com as características desejáveis, eram cruzadas com objetivo de gerar, na descendência (plantas filhas), as melhores características. As descobertas de Mendel serviram de base, no futuro, para o entendimento e desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas.
Neste processo são combinados milhares de genes e obtêm-se numerosas variações, reduzindo drasticamente o tempo, que aquela interferência natural do homem levaria para desenvolvimento de uma variedade de sucesso. No caso dos cereais, por exemplo, esse era de até 12 anos; as plantas de ciclo longo, dezenas de anos.
Os conhecimentos adquiridos por pesquisadores do setor, relativo à polinização cruzada, combinados com métodos cada vez mais sofisticados de identificação de características desejáveis, permitiram acelerar este processo.
Mais recentemente, o desenvolvimento da tecnologia de melhoramento de plantas é a moderna biotecnologia.
A biotecnologia envolve a manipulação de processos biológicos para obter produtos úteis A biotecnologia moderna explora, em grande parte, o conhecimento da estrutura do DNA. Atua a nível dos genes, selecionando características de interesse e evitando as não desejáveis – segundo Margarida Oliveira da Faculdade de Ciências de Lisboa.
Os ganhos com biotecnologia de plantas têm reflexo diretos sobre os agricultores, a indústria de processamento, os consumidores, além do meio ambiente. O emprego da biotecnologia no cultivo de plantas permite, por exemplo:  reduzir os custos de produção, com menor consumo de energia, pesticidas, fertilizantes e água; produzir plantas com menor conteúdo de alergênicos ou toxinas; ganho em produtividade e aumento de rendimento por área cultivada; características melhores para armazenamento ou processamento; melhores qualidades nutricionais; entre outras.
Na biotecnologia vegetal, o domínio da cultura in vitro (ou cultura de tecidos) de plantas teve importância crucial. A cultura in vitro compreende a cultura de células, tecidos ou órgãos, em condições de assépsia e meios de cultura artificiais (contendo compostos como água, sais minerais, vitaminas, fonte de carbono e reguladores de crescimento).
Algumas das áreas de aplicação da cultura in vitro incluem a micropropagação, a cultura de meristemas (e produção de plantas isentas de doenças), a embriogênese somática, a variação somaclonal, a seleção in vitro , a cultura de protoplastos e a hibridação somática, de entre outras. Em termos gerais, o emprego dessas tecnologias viabilizou o plantio de mudas em larga escala com qualidade superior (milhares, ou mesmo bilhões) e manutenção da planta-mãe; a defesa vegetal pela transferência da tecnologia para outras fronteiras com eliminação da propagação de doenças; e até mesmo, a recuperação de espécies em vias de extinção.
As potencialidades da cultura de tecidos têm sido exploradas para criar maior variabilidade genética permitindo a obtenção, por exemplo, de indivíduos resistentes ao stress hídrico; com parâmetros melhorados, tais como: produtividade e rendimento no teor de óleo, resistência a pragas, doenças e herbicidas. Ou seja, introduzir, em cultivares de elite, quantidades reduzidas de informação genética que permitiram importar uma ou outra característica de interesse sem perturbar o resto do genoma – as chamadas técnicas de engenharia genética que permitem, dentre outras, obter as espetaculares plantas transgênicas.
Embora as técnicas de criação convencional de indivíduos híbridos, associadas ou não a cultura de tecidos, também permitem gerar indivíduos com combinações de genes que na natureza nunca ocorreriam, os transgênicos são os que tem gerado muita polêmica na sociedade moderna.
Interessante destacar que esta tecnologia recorreu, numa primeira fase, a um agente natural de transformação genética de plantas, o Agrobacterium tumefaciens (uma bactéria natural presente no solo).
Mecanismo de ação da Agrobacterium
O Agrobacterium tem habilidade de detectar uma ferida numa planta, aproximar-se dela e transferir para suas células vegetais uma porção de seu DNA. Esse segmento do DNA da bactéria se integra no núcleo da célula vegetal, restaurando sua cadeia e transferindo uma nova característica  à planta.
Para informações mais detalhadas sobre o assunto sugerimos consultarem um artigo Boletim de Biotecnologia da autora M. Margarida Oliveira do Departamento de Biologia Vegetal da Faculdade de Ciências de Lisboa. O título é Aplicaçõese Avanços na Área da Biotecnologia Vegetal. Este artigo foi extraído deste título.
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