quarta-feira, 21 de março de 2012

Série: Cultivo do Pinhão Manso (Indicado para Cultivo de Plantas Silvestres)


Seleção da Área para Cultivo do Pinhão Manso

Os plantios podem ser feitos em áreas com topografias planas a inclinadas, devendo-se evitar áreas sujeitas a alagamentos ou encharcamentos, bem como áreas sujeitas à ação prolongada de ventos, ou seja, solo com boa drenagem.
Focando no conceito da agricultura de precisão sugere-se a análise de solo para melhor eficiência na indicação dos macros e micronutrientes indicados para atender as exigências nutricionais da cultura.

Amostra do Solo

Uma vez definida a área, realizar a retirada de amostras de solo submetendo as mesmas à análise laboratorial da composição química e biológica, para nortear as  recomendações de calagem para correção do pH, de adubação para suprir eventuais necessidades de micro e macronutrientes, de tratamento antifungos e bactérias. Esta primeira análise do solo servirá como importante registro histórico do uso do solo base para o manejo e monitoramento do cultivo.
Sistemática para a Coleta do Solo
Modo de Deve-se coletar na projeção da copa, caminhando em zig-zag. O tipo de processo usado e a orientação do técnico indicará o melhor sistema de coleta. As amostragens do pinhão manso devem ser realizadas nas profundidades de: 0-20 cm, 20-40 cm e 40-60 cm, realizando as seguintes análises:
  • Matéria orgânica
  • pH, Al, SB, CTC, V
  • Macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S)
  • Micronutrientes (B, Cu, Zn, Mn, Fe)
Etiquetar a amostra, com as informações inerentes, tais como: local, data e hora da coleta e nome do coletor.

Preparo do Solo

Sugere-se o plantio direto, via sementes, para as áreas extensas.
No caso de pequenas áreas o plantio indireto, via mudas, é o mais seguro por se tratar o pinhão manso de é uma planta perene (frutífera). Sugere-se o coveamento com covas de tamanho mínimo de 30x30x30 cm/cada. A área deverá ser conduzida limpa, com o coroamento em torno de cada planta evitando assim a competição com plantas daninhas, pastagens ou outra vegetação predominante na área, sendo que o coroamento dever ser feito com diâmetro de 1 metro de cada planta.
Conforme já mencionamos em artigos anteriores, o pinhão manso é uma planta pioneira e, portanto, não suporta competição com plantas daninhas. Assim o  coroamento deve ser conduzido anualmente, mantendo as plantas em áreas limpas.

Calagem

Implantado o cultivo por coveamento a calagem será feita com uso direto do calcário na cova, aplicando-se 300 gramas de calcário por cova. Do total, cerca de 100 gramas serão lançados dentro e nas paredes laterais de cada cova e as 200 gramas restantes serão misturadas de forma homogênea na terra que será retirada na abertura das covas.
Após o primeiro ano de plantio, a calagem deverá ser realizada em superfície e a dose recomendada em função do resultado da análise química do solo na profundidade de 0-20 cm, elevando-se a saturação por bases a 60% (Recomendação da Embrapa).

Produção de Mudas

Implantação do Viveiro

Sugerimos a produção das mudas em sacos de polietileno para mudas de tamanho 17cm x 28cm.
As sementes devem ser de boa procedência, preferencialmente originária da região (melhor adaptadas ao clima), com bom padrão sanitário (selecionadas) e de produtor conhecido. As sementes serão depositadas diretamente nos saquinhos, semeando-se uma por sacola. Atentar para o correto posicionamento da semente no substrato da sacola – profundidade de 2 cm.
Lembre-se que da semeadura em sacola até o transplantio no campo são demandados de 40-50 dias, assim a programação de produção das mudas deve estar casada com o preparo da área e covas no local do plantio definitivo, evitando-se estiolamento das mudas e a deformação da raiz pivotante (efeito J) ainda nos viveiros. De qualquer forma, no momento do plantio o fundo da sacola deve ser cortado com ferramenta (faca) bem afiada (eliminação de aproximadamente 1,5 a 2 cm do fundo da sacola/muda).
A produção de mudas dever ser a pleno sol, com irrigação constante nos primeiros quinze dias (pela manhã e à tarde), uma vez ao dia nos 15 dias subseqüentes e dia sim, dia não a partir de 35 dias até o momento do transplantio.
Para a produção de mudas em sacolas deverá ser utilizado o seguinte substrato (para 1.000 mudas):
  • 700 litros de terra de subsolo peneirada
  • 300 litros de esterco de curral curtido
  • 05 quilos de adubo superfosfato simples
  • 2 quilos de calcário dolomítico
  • 0,5 quilo de cloreto de potássio
Observação: Recomendação da Embrapa Agroenergia
Estes itens devem ser misturados de forma homogênea e o substrato resultante desta mistura utilizado para o enchimento dos sacos. 
No período inicial é importante o monitoramento do viveiro quanto à ocorrência de doenças e pragas. Visando precaver a ocorrência de doenças e plantas daninhas, fumigar o substrato com gastoxin ou similar, e após a semeadura nos sacos, pulverizar com monceren (100 ml para cada 100 litros de água) para evitar tombadeira.

Adubação de Plantio e Cobertura

O solo da cova de plantio deve conter elevado teor de nutrientes, pois na fase de muda o sistema radicular do pinhão-manso apresenta baixa eficiência de absorção dos nutrientes aplicados ao solo.
Na cova de plantio recomenda-se aplicar:
  • 10 litros de esterco de curral;
  • 300 gramas de calcário;
  • 400 gramas de superfosfato simples.
A terra para preenchimento da cova deve ser retirada, preferencialmente, da camada superficial do solo, que possui maior fertilidade natural do que a terra retirada em profundidade da cova. O calcário, o adubo orgânico e os fertilizantes devem ser bem misturados com a terra da cova de plantio.
Após o pegamento das mudas deve-se iniciar as adubações de cobertura, seguindo a recomendação abaixo:
Recomendação da adubação de cobertura para pinhão-manso de acordo com os dias após o plantio (DAP)
Dias após o plantio
gramas/planta
Formulado
30
30
20-00-20
60
60
20-00-20
90
80
20-00-20

Adubação de Produção

A cada ano, em função das análises químicas de solos, as plantas receberão adubação de produção com formulado 20-10-20 (NPK), bem como adubação com esterco de curral ou cama de frango. A experiência recomenda usar como referência para o  cálculo de uso dos fertilizantes, nas adubações de cobertura, a média a recomendação na tabela a seguir; observando o calendário agrícola da região.
Idade da Planta
gramas/planta
Formulado
1 a 2 anos
300
20-10-20
3 a 4 anos
450
20-10-20
4 a 5 anos*
600 - 750
20-10-20
* A partir do 5º ano de cultivo, seguir a recomendação de adubação para o 4º ano
A dose total de fertilizante recomendada para o calendário agrícola deve ser parcelada em três aplicações nos meses de novembro, janeiro e março.
Sugere-se também adoção da adubações com esterco de curral (10 litros/planta) ou cama de frango (03 litros/planta) em complemento à adubação química e promoção da melhoria na textura do solo.
Deve-se realizar, a partir do primeiro ano após a implantação da cultura, adubação foliar com uso da seguinte calda (gramas/100 litros de água):
  • Ácido bórico - 200 gramas
  • Sulfato de zinco - 200 gramas
  • Cloreto de potássio - 200 gramas
  • Sulfato de cobre - 200 gramas
  • Enxofre - 200 gramas
Observação: Sugestão da Embrapa Agroenergia
Esta adubação foliar dever ser realizada em duas aplicações ao ano, nos meses de novembro e fevereiro.

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