terça-feira, 27 de março de 2012

Série: Como Cultivar Pinhão Manso (Silvestre) – Controle de Pragas e Doenças

Controle de plantas daninhas

O controle de plantas daninha deve ser rigoroso, principalmente no primeiro ano, evitando a competição por nutrientes que poderia resultar no estiolamento da planta do Pinhão-manso – já mencionamos esse assunto em:  O principal aspecto do pinhão manso. O coroamento dever ser de 01 metro de diâmetro em cada planta, através do uso de enxada ou roçadeiras; tendo o cuidado de não atingir o caule; uso de herbicidas somente a partir do 2º ano, momento em que as plantas daninhas poderão ser controladas na linha, com herbicida dessecante (glyphosate) e na entrelinha com roçada do mato orientada por profissional habilitado – atenção para o uso dos EPI.

Principais pragas e doenças que atacam o pinhão manso

Abaixo serão descritas as principais pragas e doenças que atacam o  pinhão manso. Importante frisar a adoção da verificação de pragas e doenças na lavoura por meio de um roteiro bem orientado – rota de vistoria, frequência e mecanismo de registro (GPS ou prancheta, tomada fotográfica e amostra de tecido – quando couber). Essa  prática deverá ser realizada por uma pessoa treinada e capacitada. Assim, em qualquer ocorrência, o defensivo específico deve ser imediatamente lançado mão prevenindo a propagação. É importante proceder aos registros fotográficos e elaborar um relatório para histórico, controle e avalização.

Tripes (Selenothrips rubrocinctus)

As ninfas e adultos sugam as de folhas completamente formadas e, principalmente, folhas jovens do primeiro terço da planta. As ninfas são amareladas, com os dois primeiros segmentos abdominais vermelhos e o trips adulto tem coloração em geral preta ou marrom escuro.
Sinais característicos: As folhas sob ataque intenso ficam com uma coloração acinzentada, ocorrendo desfolha precoce e causando a mumificação dos frutos.
O uso de adubação adequada (ver teoria da trofobiose), a melhoria da aeração das plantas, a eliminação dos restos de poda e o controle das plantas daninhas auxiliam no controle cultural do trips. O controle químico pode ser realizado com alguns princípios ativos como acefato, acetamiprid, benfuracarb, carbofuran, carbaril, cipermetrina, dimetoato, fenitrotion, paration metil, e tiometon – sugestão da Embrapa.

Cigarrinha verde (Empoasca spp.)

A cigarrinha é um inseto de coloração verde clara a verde acinzentada. Tanto as formas jovens quanto os adultos sugam a seiva das plantas jovens e injetam toxinas. Esta praga causa amarelecimento, encurvamento de folhas e abortamento de flores. Quando o ataque é intenso, as folhas ficam rugosas e caem prematuramente, comprometendo o desenvolvimento da planta. A cigarrinha verde é mais prejudicial quando o ataque ocorre durante o florescimento e produção. Além disso, algumas espécies de cigarrinha podem ser transmissoras de viroses.
As plantas devem ser monitoradas continuadamente para se ter controle eficiente deste inseto. O controle químico é mais eficiente quando se utilizam inseticidas sistêmicos. Os produtos contendo princípios ativos como aldicarbe, betaciflutrina, bifentrina, carbaril, carbofuran, carbosulfan, clorpirifós, dimetoato, disulfoton, esfenvalerate, etofenprox, fenitrotion, fenpropatrina, forate, imidacloprid, metamidofós, monocrotofós, paration metil, piridafention, terbufós, thiamethoxan e deltametrina + triazófos são registrados para o controle das cigarrinhas verdes.
Formigas Saúva (Atta sexdens rubropilosa) e Rapa-rapa (Acromyrmex landolti balzan)

As formigas apresentam cor marrom-avermelhada. A formiga saúva ou cortadeira causa desfolha e corte de brotos e ramos verdes. Já a formiga rapa-rapa alimenta-se da casca do caule, causando anelamento das plantas.

Deve-se fazer o controle de formigas antes da instalação da cultura, pois estes insetos atacam principalmente mudas recém plantadas, causando falhas no plantio. O controle químico deve ser efetuado na área de plantio, bem como em áreas vizinhas, com o uso de iscas, pós, líquidos e gases formicidas.
Cupins (Syntermes spp., Cornitermes spp., Nasutitermes spp., Procornitermes spp., Armitermes spp., Heterotermes spp.)
Os cupins apresentam coloração amarelo claro a escuro. A espécie Syntermes e Cornitermes formam ninhos subterrâneos entre a cultura. A Nasutitermes formam ninhos em árvores, postes ou em pequenos montículos sobre o solo e infestam a cultura através das vizinhanças, podendo formar ninho até mesmo no pinhão manso.
Os cupins corroem a casca das raízes das mudas e plantas adultas, matando-as por dessecação. Em plantios efetuados por semeadura direta, podem causar falhas no estande final. No controle do cupim recomenda-se arrancar toda a planta atacada, inclusive raízes, e providenciar sua retirada da área de cultivo. Deve-se aplicar cupinicida no local. O controle químico pode ser efetuado com alguns cupinicidas, como carbofuran, endosulfan, imidacloprid, terbufós, e fipronil.

Ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus Banks)

O ácaro branco é uma praga que se alimenta de vários tipos de plantas (polífaga) e cosmopolita. É invisível a olho nu. As folhas atacadas pelo ácaro paralisam o crescimento. Visualmente as folhas apresentam aspecto de papel crepom (ficam enrugadas). Quando o ataque é intenso, causam encurtamento de entrenós, engrossamento de talo e superbrotamento. O controle pode ser realizado com acaricidas como abamectin, endosulfan e enxofre. Essa praga ataca massiçamente a plantação e, se não controlada, aumenta os custos de manejo (poda) e reduz substancialmente a produtividade.
Na Região de Tucuruí, Estado do Pará, o ácaro, juntamente com o percevejo, são as principais pragas do pinhão manso. A ocorrência do ácaro é mais intensa no início do período de chuvas. Daí o planejamento da aplicação do defensivo deve observar esse período, pois, durante as chuvas, o serviço pode ser perdido. Defensivo de melhor custo benefício: abamectin.
Percevejo (Pachycoris sp.)
Os adultos apresentam cor verde claro com pintas avermelhadas, ou verde-escuro com pintas alaranjadas. As ninfas e os adultos sugam os frutos imaturos, causando abortamento prematuro, má formação das sementes e redução no peso e teor de óleo.
Para o controle desses percevejos ainda são necessárias pesquisas para recomendação de produtos efetivos.

Oídio (Oidium sp.)

O Oídio caracteriza-se pela presença de uma massa semelhante a um talco, de cor branca a cinza, na forma de manchas isoladas, comumente cobrindo folhas, ramos novos e frutos. Nas folhas, as manchas brancas acizentadas podem se tornar amareladas e, posteriormente, negras. Ataques severos podem causar queda de folhas e frutos. O seu controle pode ser efetuado com enxofre ou produtos químicos específicos. Outra medida importante é o controle de plantas daninhas, particularmente Euforbiáceas, já que estas podem ser hospedeiros alternativos do oídio.

Ferrugem (Phakopsora arthuriana Buriticá & Hennen)
A ferrugem do pinhão-manso não é tão facilmente diagnosticada como a que ocorre nas demais culturas, uma vez a intensidade da infestação é bem menor comparado a outras espécies de plantas atacadas por ferrugem. Na parte de cima da folha, os sintomas caracterizam-se por pequenas pontuações necróticas, de halo amarelo, delimitados pelas nervuras. Na parte de baixo da folha, os sintomas caracterizam-se por lesões acinzentadas, de halo necrótico, com a presença de pequenas pontuações correspondentes às pústulas onde os esporos são produzidos. O controle pode ser efetuado com produtos químicos específicos, especialmente produtos a base de cobre (protetores).

Podridão do colo

A podridão do colo ocorre geralmente em áreas setoriais dos plantios de pinhão-manso com mais de um ano de idade. Já descrevemos em artigos anteriores o agente causador da doença. Outros fatores abióticos parecem influenciar na ocorrência da doença e como medida preventiva deve-se evitar o plantio de pinhão-manso em solos sujeito a enxarcamentos e bem drenados.

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