O ponto forte desse artigo é a sinceridade do autor no trato dos assuntos mais polêmicos que envolve a cultura do pinhão manso. Nele o leitor irá identificar os pontos de estrangulamento da cultura do pinhão manso determinantes para sua viabilidade econômica.
O objetivo desse artigo além de descrever as experiências no cultivo do pinhão manso ao redor do mundo, foi mostrar como a viabilidade econômica depende da seleção de plantas de alto rendimento para as plantações de pinhão manso. É evidente que plantios a partir de sementes têm uma grande variação biológica e faz-se necessário selecionar plantas (cultivar/variedade) de alto rendimento. Essas cultivares devem ser multiplicadas vegetativamente (por estacas ou cultura de tecidos) para obter uma produtividade em sementes por hectare que torne a atividade economicamente viável. O espaçamento entre as plantas deve ser definido pois dele dependerá a análise da disponibilidade de água e nutrientes, bem como os aspectos operacionais da plantação permitindo a circulação dos trabalhadores entre as plantas para realizar as tarefas de manejo e colheita manualmente.
No Camboja foi observado plantas que iniciaram a frutificação aos 7 meses de idade apresentando alto rendimento em frutos. O pinhão manso é uma planta perene com vida útil de 50 anos. Não se sabe, até que idade a produção de sementes é economicamente viável. No Brasil há plantas produzindo com mais de 50 anos.
O pinhão manso é um arbusto que pode crescer até uma altura de 6 m, resiste a longos períodos de seca (7 a 8 meses, observado em Mali) e que suporta uma precipitação de mais de 600 mm durante a estação chuvosa, mas também podem crescer bem em um clima tropical com condições de chuva permanente, sendo que a frutificação se mantém durante toda a estação chuvosa. Observa-se que do florescimento até a maturação do fruto leva cerca de 4 meses e frutos maduros são encontrados até cerca de 4 meses após o final da estação chuvosa.
Algumas variáveis para o cálculo de viabilidade econômica para o cultivo do pinhão manso como matéria prima para produção de óleo não comestível ainda não foram bem estabelecidas. Muitas informações surrealistas e muito otimismo são publicados na internet, dando a ideia que plantar pinhão manso é um negócio altamente lucrativo com finalidade exclusiva de atrair investidores.
Em março de 2007, durante uma conferência sobre pinhão manso, em Wageningen - Alemanha, os especialistas presentes entenderam que uma produtividade 3 a 5 toneladas de semente por hectare é razoável (em plantações em plena produção). O adensamento ideal de árvores deve girar em torno de 1.300 plantas por hectare. O adensamento de 2.500 árvores por hectare, parece ser alto, pois o crescimento livre das plantas, após o 3º ano do plantio em diante, não permite o trânsito dos trabalhadores para realizar a colheita; que é manual. A distância entre as linhas de 3 m parece muito importante, que dá um número de plantas por ha de 1.300, com distância entre plantas por linha de 2,5 m; e 1.700 plantas, com distância entre plantas por linha de 2 m.
Colheita
A colheita manual é uma das variáveis nos custos de produção que mais onera e compromete a viabilidade econômica do cultivo do pinhão manso. Em longos período de chuvas, a colheita manual deve ser realizada com maior frequência pois os frutos estão em contrante amadurecimento e sua permanência na planta provoca o brotamento das sementes pelo excesso de umidade - um problema sério a ser superado para viabilizar a colheita mecânica. No entanto, se a disponibilidade de água pode ser controlada, uma maturação mais uniforme pode ser alcançada.
No Brasil há exemplos de colheitas mecanizadas realizadas com colhedeiras de café adaptadas para o pinhão manso.
A colheita do pinhão manso torna-se mais eficientes com variedades de alto rendimento onde a quantidade de frutos colhidos, por unidade de planta, reduz o custo da hora de trabalho.
Manutenção da plantação
O rendimento de uma planta depende principalmente do número de galhos. O engalhamento pode ser provocado por meio da poda ou natural, determinados pela própria genética da planta. O número de galhos é importante, pois as inflorescências (floração) ocorrem somente nas pontas dos ramos, assim quanto maior o número de galhos, maior será a produção esperada. Após a poda de um galho surgem de 3 a 5 novos brotos desenvolvidos abaixo da linha do corte. Este processo pode ser repetido em intervalos de 6 a 8 semanas nos primeiros 2 a 3 anos. O resultado será uma planta muito espessa, com muitos ramos e muitos frutos, isto é, se a base genética da planta também contribuir.
Fazer poda significa aumento de trabalho na lavoura e maiores custos; uma planta com genética de engalhamento vigoroso pode reduzir os custos de produção.
Identificação de plantas com genética superior
Se uma plantação é cultivada a partir de sementes amostradas aleatoriamente, todas as plantas serão diferentes. Poucas sementes vão gerar plantas com alto rendimento fazendo com que a média geral seja baixa: em média, para cada 20 plantas de um lote apenas 01 terá bom rendimento.
Para estabelecer uma plantação com bom rendimento (produção de sementes), estas plantas que apresentam bom rendimento devem ser identificadas, isoladas e multiplicadas.
A propagação do pinhão manso
O pinhão manso pode ser plantado por meio de sementes, por estacas ou por cultura de tecidos.
A maioria das plantações adotam o sistema de plantios por sementes por ser o método mais prático e barato, nesses casos os genes são recombinados – reprodução por meiose. Assim o plantio resultante terá uma grande variação no rendimento.
No entanto, um programa de melhoramento com a polinização conduzida pode levar a variedades de elite. Nas condições atuais, a propagação vegetativa de indivíduos de alto rendimento é a primeira escolha.
Para se certificar que as novas plantações serão de alto rendimento é preciso selecionar plantas adultas que apresentam as melhores características agronômicas desejáveis e promover a multiplicação vegetativamente destas; seja por estacas ou por cultura de tecidos – esta último são os clones obtidos em laboratório.
A Multiplicação por estacas é um processo muito fácil, mas com resultado demorado - a raiz demora para se formar completamente, tanto que uma planta gera de 100 a 500 novas plantas (estacas/clones). Os clones terão as mesmas características da planta-mãe.
Se aplicado para o mesmo caso a cultura de tecidos, uma planta matriz selecionada pode dar origem a milhares de novos clones; o que para cultivos em grandes escalas é a alternativa mais indicada.
No entanto, até o momento nenhum laboratório conhecido, que desenvolve culturas em tecidos, foi identificado como produtor de clones de pinhão manso pois seu custo é muito alto. (Mr. Hak, Banteay Meanchey)
Prioridades de Pesquisa
1. Identificação de plantas de alto rendimento em todo o mundo: o conhecimento de tais plantas é importante estabelecer bancos genético como fonte de germoplasma para o estabelecimento de plantações de alta rendimento;
2. Estabelecer a tecnologia de multiplicação de cultura de tecidos para pinhão manso: esta tecnologia é aplicada com sucesso na melhoria do rendimento das plantações de óleo de palma no Sudeste da Ásia e África;
3. Estabelecer plantações de alto rendimento estabelecendo a produtividade por hectare: o estabelecimento de tais plantações dá a base para futuras pesquisas sobre a correlação de rendimentos agrícolas e insumos básicos, como água e fertilizantes;
4. Seleção de plantas com alto teor de óleo nas sementes: em uma segunda fase da pesquisa deve-se identificar e selecionar plantas entre uma mesma população de plantas de alto rendimento, que possuem um alto teor de óleo em suas sementes;
5. Seleção de plantas com genética de bom engalhamento: o número de galhos determina o rendimento do cultivo de pinhão manso.
O objetivo da pesquisa a longo prazo é identificar plantas que têm a base genética de bom engalhamento permitindo reduzir os custos operacionais com poda e colheita.
Contato: Henning Reinhard K.
Bagani consultoria,
Endereço: Rothkreuz 11,
D-88138 Weissensberg – Alemanha.
E-mail: enning@bagani.de
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