quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Propostas de negócio com pinhão manso promete alta rentabilidade

Este artigo tem o objetivo alertar nossos leitores para as promessas de obtenção de alta rentabilidade para investimentos com o cultivo de pinhão manso. Fizemos um levantamento na internet e identificamos vários sites que divulgam números extraordinários, sobretudo em sites estrangeiros.
Esses sites vendem “facilidades” para atrair investidores que não são do ramo. Normalmente esses investidores são pessoas que querem diversificar sua carteira de investimento e estão comprometidos com a sustentabilidade do planeta.
Nada contra essas pessoas, muito pelo contrário, apoiamos iniciativas como essas e ratificamos que o pinhão manso é uma planta com grande potencial para contribuir com a sustentabilidade, em vários aspectos.
Nossa alertas para esses investidores é que devem avaliar bem antes de decidir colocar seu dinheiro em oportunidade de negócios com posposta de alta rentabilidade envolvendo cultivo do pinhão manso.
Os especialistas no assunto advertem: o pinhão manso é uma cultura que está em processo de domínio do conhecimento sobre seus aspectos agronômico e, apesar dos avanços alcançados nos últimos 3 anos, a atividade ainda está longe de ser altamente lucrativa.
Em resumo, são recentes as pesquisas para domínios do pinhão manso, como planta destinada a cultivos comerciais de grande escala para atender a escalar demanda mundial por biocombustíveis (biodiesel e bioquerosene). Em comparação com outras culturas comerciais já domesticadas e destinadas para o mesmo fim, diríamos que para o pinhão manso está só no começo, apesar do alto nível tecnológico no setor de desenvolvimento e pesquisa agronômica aplicada.
Consultei alguns especialistas em pinhão manso com autoridade para falar do assunto e descobri algumas coisas interessantes sobre a avaliação desses sites que divulgam conteúdos de altos resultados com a atividade abusando do baixo conhecimento e credulidade de seus visitantes.


Vamos a algumas dicas
1º - Se o leitor observar bem verá que a maioria das imagens (plantios, produção, etc) são comuns. Ou seja, foram extraídas de outros sites com o mesmo propósito ou de algum produtor ao redor do mundo ou de empresas de pesquisa.
2º - Para complicar ainda mais é comum os proprietários desses sites divulgarem que os altos rendimentos de suas plantações estão em partes do mundo de difícil acesso; muito distante dos leitores, ou então num continente oposto ao do país de divulgação. (ex: se site é europeu as plantações estão na África, Ásia Oriental, Austrália, etc). Num país de dimensões continental como o Brasil, quem está nos grandes centros (Ex: Rio, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Florianópolis, etc) divulga que seus plantios estão no Mato Grosso, Tocantins, Pará, Maranhão, etc.
3º - A maioria dos proprietários desses sites nunca tiveram experiências com plantios de pinhão manso (talvez nem sabem distinguir uma espécie da outra ou doenças intrínsecas e principalmente as características agronômicas da planta) ou não possuem galeria de fotos que apresente as plantas altamente produtivas que afiram ter desenvolvido;
4º - Para os sites que divulgam possuir cultivar de alto rendimento e resistente, um olhar mais atento identificará presença de doenças comuns á cultura;
5º - Para esse item o leitor precisa de um meio de comparação, vamos apresentar os dados que a “rede brasileira de pesquisadores em pinhão manso” divulgou sobre os rendimentos alcançados no estágio atual de pesquisa e desenvolvimento da cultura – para plantios adensados. Dados de uma planta escolhida entre as 10 melhores plantas com 5 anos de idade no Estado do Roraima.
Produção em sementes: 4.519 kg/hectare
Produção em óleo: 1.581 kg/hectare
Teor de óleo da semente: 34,9%
Espaçamento entre plantas: 3 x 2 metros
Número de plantas/hectare: 1.667 plantas
Outra referência: O cultivo comercial do dendê (ou palma) é considerado mundialmente como a planta que produz mais quantidade de óleo por hectare. Os melhores resultados são 6.000 litros de óleo por hectare.
Atenção: Não se trata aqui de plantas cultivadas isoladamente, mas sim cultivos adensados (plantados juntos como lavoura).

Vamos aos dados agronômicos absurdos
Usaremos código para cada site com objetivo de preservar a imagem dos seus idealizadores.

Dados do Site 001
Produção em sementes: 25.000 kg/hectare (dado obtido pelo teor e produção de óleo).
Produção em óleo: 15.000 (quinze) kg/hectare – no 4º ano de vida da planta
Teor de óleo da semente: 60%
Espaçamento entre plantas: não informado
Número de plantas/hectare: 3.030 plantas

Observações:
A empresa afirma empregar técnicas “ultra modernas” de manejo e condução do seus plantios. Pesquisadores renomados desconhecem essa prática associada ao pinhão manso. Um teor de 60% de óleo é para o albumem da semente e não da semente em si.

Maior absurdo cometido nesse site: Uma única planta produzindo 120 kg de sementes por ano. Para que isso fosse possível essa planta teria que produzir 10 kg/mês, com os avanços atuais e considerando a cultura do pinhão manso, agronomicamente isso é impossível. Imagina qual seria a copa e a altura dessa planta para produzir essa quantidade de sementes. O próprio site afirma que suas plantas produzem de 10 a 15 kg de sementes por planta x 3.000 plantas por hectare = 45 kg máximo. Ainda assim está muito longe da realidade.
E outra, numa população de 3.000 plantas por hectares (no 3º ano é impossível colher pois as plantas fecham a copa). 
Comparando com dados reais: No Brasil é conhecida uma plantas isoladas e bem conduzidas que produziu pouco mais de 19 kg de sementes em um ano. Foi feito cultivo adensado usando suas sementes e galhos, a produção de sementes ficou abaixo de 5 toneladas por hectare.

Dados do Site 002
Esse site afirma possuir uma cultivar geneticamente superior (de elite) que possuir além de resistência a pragas e doenças os seguintes dados:
Produção em sementes: 12.000 kg/hectare (em cultivos irrigados)
Produção em óleo: 4.440 kg/hectare
Teor de óleo da semente: de 34% a 37%
Espaçamento entre plantas: 2 x 2 metros
Número de plantas/hectare: 2.500 plantas
Observações: O site exagera quando afirma que a cultivar produz 12.000 kg de semente/hectare, para o espaçamento de 2 x 2 metros. Acreditamos ser pouco provável, pois para uma produção como essa a planta precisaria ter uma copa muito grande.
Particularmente eu precisaria mensurar esses dados ao longo do ano.

Dados do Site 003
Esse site afirma que com bom manejo do plantio (tratos culturais) a planta pode alcançar os seguintes resultados:
Produção em sementes: 12.500 kg/hectare (em áreas de cultivos com boa precipitação pluviométrica)
Produção em óleo: 4.625 kg/hectare
Teor de óleo da semente: de 30% a 37%
Espaçamento entre plantas: 2 x 2 metros
Número de plantas/hectare: 2.500 plantas
Observações: O site exagera quando afirma que a cultivar produz 12.500 kg de semente/hectare, para o espaçamento de 2 x 2 metros. Acreditamos ser pouco provável, pois para uma produção como essa a planta precisaria ter uma copa muito grande.
Particularmente eu precisaria mensurar esses dados ao longo do ano. 
Não desejamos ser os “donos da verdade”, apenas ajudar nossos leitores a desenvolver um raciocínio crítico sobre a cultura do pinhão manso, contribuindo para a tomada de decisão. 
Temos afirmado nesse blog que o pinhão manso é uma planta que nos últimos 3 anos vem recebendo uma atenção especial uma em função do seu potencial para produção sustentável dos biocombustíveis biodiesel e bioquerosene uma vez que ela não compete com a cadeia alimentar.
Pensamos que a partir do momento que uma empresa desenvolver uma cultivar de alto rendimento e desempenho, esta, deverá fazer uma divulgação massificada na mídia, pois muitos são os interessados no cultivo desta oleaginosa em pequena e grande escala. 

Outras informações relacionadas
Existe uma corrida internacional dos institutos e empresas públicas e privadas de pesquisa para ver que sai na frente no domínio sobre a cultura do pinhão manso. Segundo os pesquisadores, a cultura apresenta algumas limitações importantes e determinantes para a obtenção de alto rendimento na produção com baixo custo operacional; fatores fundamentais para análise da viabilidade econômica e financeira da atividade.
O desafio inicial é encontrar solução para as principais limitações básicas determinadas essencialmente pela baixa carga genética de caracteres aceitáveis, tais como:

  • plantios com desuniformidade nas plantas (indivíduos) – onde somente uma em cada 19 plantas apresenta alto rendimento, jogando para baixo a produtividade média geral; 
  • sensibilidade a algumas pragas e doenças – cruciais para obtenção de bom rendimento em grão e óleo – está provado que o ataque de percevejo (comum na lavoura do pinhão manso) é responsável por queda de 50% no teor de óleo da semente; 
  • frutificação irregular – inviabilizando a colheita mecanizada e, consequentemente, aumentando os custos de produção; e 
  • baixo engalhamento – a floração acontece só na ponta dos galhos exigindo aumento nos custos com podas para obtenção de maiores rendimentos.

Existem outras limitações que não foram pontuadas anteriormente mas que, após superadas, permitirão ao agricultor, por um lado aumentar a receita e por outro reduzir os custos operacionais, elevando a rentabilidade da atividade, dentre eles: a destoxicação da torta do pinhão manso (resíduo da extração do óleo) ou o desenvolvimento de plantas atóxicas com rendimento satisfatórios, melhorar a eficiência no manejo, na logística de transporte e armazenagem, cultivares com maior teor de óleo na semente, maior eficiência no processamento do grão, entre outros.
Enfim, como a pesquisa e inovação é o setor dinâmico os avanços vão surgindo com o passar do tempo.
Temos afirmado e apresentado fatos nesse blog que demonstram o nível de comprometimento e determinação dos pesquisadores em apresentar soluções práticas e viáveis para o setor de produção sustentável do pinhão manso. 
Lembramos nossos leitores a necessidade de consultar um especialista com autoridade sobre cultivo do pinhão manso para orientar melhor sobre os investimento nesse setor. 
Toda regra tem suas excessões, existem empresas sérias investindo em pesquisa e que afirmam possuir variedades híbridas de alto desempenho. Em sendo séria uma empresa ela tem transparência, daí sugerimos fazer uma visita às plantações acompanhados de especialistas no assunto.
Colocamo-nos ao dispor para maiores esclarecimentos, sugestões e críticas.

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