Nova onda de uso do óleo vegetal in natura direto no tanque dos veículos equipados com motor de combustão interna (tipo diesel) pode ser mais uma alternativa para agregar valor ao cultivo sustentável do pinhão manso.
O
óleo de pinhão manso apresenta características físico/químicas que o habilita
para uso direto nos motores a diesel ou Elsbett.
Veja
abaixo
Tabela
da análise físico-química do óleo de pinhão manso
Fonte:
CETEC
Características
físico-químicas Valores
Teor
em ácidos graxos livres (ácido oleico em %) ................. 0,96
Densidade
a 25ºC (g/cm³)
........................................................ 0,9069
Índice
de refração a 25ºC
......................................................... 1,4680
Índice
de saponificação (ºC)
.................................................... 189,0
Insaponificáveis
(%)
.................................................................. 1,1
Índice
de Iodo
............................................................................ 97,0
Índice
de peróxido
.................................................................... 9,98
Ponto
de solidificação ou fusão (ºC) ...................................... < -10,0
Cor
ASTM
.................................................................................. 1,0
Cinzas
(%)
.................................................................................. < 0,1
Poder
calorífico superior (Kcal/kg)
.......................................... 9.350
Peso
molecular médio (cromatografia gasosa) ..................... 866
Viscosidade
a 37,8ºC (cSt) ...................................................... 31,5
Índice
de hidroxila
..................................................................... 76,6
CHN
-
Carbono
.................................................................................... 76,89
-
Hidrogênio ................................................................................ 11, 44
-
Oxigênio
................................................................................... 11,67
Para
que nossos leitores possam melhor se situar em relação a essa perspectiva e
tirar suas próprias conclusões, faremos um breve histórico abordando as
tendências tecnológicas e de mercado para esse setor.
O fator histórico mais relevante em relação à
abordagem que fazemos neste artigo é o fato de que o primeiro motor a diesel
foi testado com o óleo de amendoim in natura.
A tecnologia do uso do óleo vegetal in natura ficou
esquecida graças ao advento dos derivados do petróleo e interesses econômicos
conflitantes, fazendo com que o baixo preço do óleo fóssil desbancar o uso do
óleo vegetal.
É sabido que mudanças
no cenário mundial e novos valores sociais fazem despertar o interesse global
pela substituição do combustível fóssil pelo biodiesel: biocombustível
derivados de óleos e gorduras animais e vegetais - OGAV e apropriado ao uso nos
motores diesel e Elsbett.
O Motor Diesel ou motor de ignição por compressão é
um motor de combustão interna, inventado
pelo engenheiro alemão Rudolf Diesel no final
do século XIX.
O motor Elsbett é tecnologia desenvolvida no
século passado pela empresa alemã Elsbett-Konstruktion. O motor é uma
“modificação” do motor diesel que permite usar tanto óleo diesel (fóssil) e
como OGAV in natura e óleo de fritura.
Nesse sentido, a empresa
alemã Elsbett é uma das pioneiras no desenvolvimento de tecnologia alternativa apropriada
para uso do OGAV in natura direto no motor, tanto na concepção de motores
específicos como kits adaptáveis aos motores diesel.
Recentemente, pressões do
setor de produção do biodiesel sobre a cadeia alimentar, entre outros fatores,
fizeram subir sobremaneira o preço da matéria prima, com reflexo direto nos
seus custos de produção: uma vez que mais de 80% do custo do biodiesel advém da
matéria prima. O resultado foi o surgimento de uma nova tendência mundial que
defende o uso do OGAV in natura, de cadeia produtiva primária não alimentar, e
o óleo de fritura direto no motor.
Assim a utilização dos
motores Elsbett volta à tona, sobretudo, considerando que o rendimento desses
motores em relação aos convencionais é de cerca de 40% a mais. Fato esse, por
exemplo, que abre oportunidade para o uso do óleo de pinhão manso em grande
escala. Segundo o fabricante esse aumento é fruto de investimento em pesquisa
de melhoramento no balanço térmico do motor, promovendo maior disponibilidade
de energia mecânica útil e menor transformação da energia em calor inútil que
necessita ser retirado do motor por resfriamento. Isso fez com que os motores
Elsbett dispensassem o sistema de resfriamento do motor reduzindo custos de
fabricação. Para mais detalhes sugerimos consultar o site da Elsbett.
Por outro lado, na Alemanha, motivadas
pelo crescente interesse por essa alternativa ao biodiesel, outras empresas vêm
desenvolvendo soluções completas para utilização segura e econômica para o uso do
OGAV in natura e óleo reciclados, no próprio motor a diesel. Uma delas, a
Bioltec Systems, que desenvolveu módulos adaptáveis ao veículo com motor diesel
que permite aos mesmos rodarem com qualquer tipo de combustível: óleo vegetal
in natura, gordura vegetal e animal, óleo residual, biodiesel e, com opção de
alternar para o óleo diesel conforme necessidade do operador ou motorista. Essa
empresa realizou seus primeiros testes para essa tecnologia em 2000, e o
sucesso foi tanto que hoje seus módulos estão rodam em veículos e máquinas na Áustria, Suíça, Irlanda, Espanha,
Holanda, Rep. Tcheca, Itália e, mais recentemente, no Brasil.
No sentido da aplicação dessa
tecnologia em relação ao desenvolvimento industrial o Estado do Pará/Brasil apresentou
no último senso uma das melhores taxas de crescimento e estudos indicam que a
contar com os investimentos previstos para o setor, o crescimento deverá
manter-se, isso significa que o Pará
deverá despontar-se como forte produtor de pinhão manso destinado a fabricação
sustentável de biocombustíveis, principalmente pelas seguintes razões: por apresentar condições agroclimáticas
favoráveis; por possuir grandes extensões
de terras atropizadas e propícias ao cultivo do pinhão manso; pela existência
de uma das maiores concentrações de agricultores familiares do país em situação
de risco social; e pela sua localização estratégica em relação aos grandes
mercados consumidores. Para a realidade desses pequenos agricultores no Pará, o
cultivo do pinhão manso apresenta um custo de oportunidade atraente ainda mais
se associar a perspectiva de uso do próprio óleo in natura para geração de
energia conforme temos dito em artigos anteriores.
Oferecemos nossa experiência para colaborar
com empresas interessadas em investir no cultivo do pinhão manso no Estado do
Pará. Entre em contato conosco: marlotins@gmail.com
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