quarta-feira, 9 de maio de 2012

Perspectiva de uso do óleo de pinhão manso in natura direto no motor aumenta o valor agregado ao produtor


Nova onda de uso do óleo vegetal in natura direto no tanque dos veículos equipados com motor de combustão interna (tipo diesel) pode ser mais uma alternativa para agregar valor ao cultivo sustentável do pinhão manso.
O óleo de pinhão manso apresenta características físico/químicas que o habilita para uso direto nos motores a diesel ou Elsbett.
Veja abaixo
Tabela da análise físico-química do óleo de pinhão manso
Fonte: CETEC
Características físico-químicas                                                          Valores
Teor em ácidos graxos livres (ácido oleico em %) .................            0,96
Densidade a 25ºC (g/cm³)  ........................................................            0,9069
Índice de refração a 25ºC  .........................................................         1,4680
Índice de saponificação (ºC)  ....................................................     189,0
Insaponificáveis (%)  ..................................................................          1,1
Índice de Iodo  ............................................................................        97,0
Índice de peróxido  ....................................................................          9,98
Ponto de solidificação ou fusão (ºC)  ......................................   < -10,0
Cor ASTM ..................................................................................           1,0
Cinzas (%) ..................................................................................           < 0,1
Poder calorífico superior (Kcal/kg)  ..........................................   9.350
Peso molecular médio (cromatografia gasosa) .....................        866
Viscosidade a 37,8ºC (cSt) ......................................................           31,5
Índice de hidroxila  .....................................................................           76,6
CHN
   - Carbono ....................................................................................        76,89
   - Hidrogênio ................................................................................        11, 44
   - Oxigênio  ...................................................................................        11,67


Para que nossos leitores possam melhor se situar em relação a essa perspectiva e tirar suas próprias conclusões, faremos um breve histórico abordando as tendências tecnológicas e de mercado para esse setor.
O fator histórico mais relevante em relação à abordagem que fazemos neste artigo é o fato de que o primeiro motor a diesel foi testado com o óleo de amendoim in natura.
A tecnologia do uso do óleo vegetal in natura ficou esquecida graças ao advento dos derivados do petróleo e interesses econômicos conflitantes, fazendo com que o baixo preço do óleo fóssil desbancar o uso do óleo vegetal.
É sabido que mudanças no cenário mundial e novos valores sociais fazem despertar o interesse global pela substituição do combustível fóssil pelo biodiesel: biocombustível derivados de óleos e gorduras animais e vegetais - OGAV e apropriado ao uso nos motores diesel e Elsbett.
O Motor Diesel ou motor de ignição por compressão é um motor de combustão interna, inventado pelo engenheiro alemão Rudolf Diesel no final do século XIX.
O motor Elsbett é tecnologia desenvolvida no século passado pela empresa alemã Elsbett-Konstruktion. O motor é uma “modificação” do motor diesel que permite usar tanto óleo diesel (fóssil) e como OGAV in natura e óleo de fritura.
Nesse sentido, a empresa alemã Elsbett é uma das pioneiras no desenvolvimento de tecnologia alternativa apropriada para uso do OGAV in natura direto no motor, tanto na concepção de motores específicos como kits adaptáveis aos motores diesel.
Recentemente, pressões do setor de produção do biodiesel sobre a cadeia alimentar, entre outros fatores, fizeram subir sobremaneira o preço da matéria prima, com reflexo direto nos seus custos de produção: uma vez que mais de 80% do custo do biodiesel advém da matéria prima. O resultado foi o surgimento de uma nova tendência mundial que defende o uso do OGAV in natura, de cadeia produtiva primária não alimentar, e o óleo de fritura direto no motor.
Assim a utilização dos motores Elsbett volta à tona, sobretudo, considerando que o rendimento desses motores em relação aos convencionais é de cerca de 40% a mais. Fato esse, por exemplo, que abre oportunidade para o uso do óleo de pinhão manso em grande escala. Segundo o fabricante esse aumento é fruto de investimento em pesquisa de melhoramento no balanço térmico do motor, promovendo maior disponibilidade de energia mecânica útil e menor transformação da energia em calor inútil que necessita ser retirado do motor por resfriamento. Isso fez com que os motores Elsbett dispensassem o sistema de resfriamento do motor reduzindo custos de fabricação. Para mais detalhes sugerimos consultar o site da Elsbett.
Por outro lado, na Alemanha, motivadas pelo crescente interesse por essa alternativa ao biodiesel, outras empresas vêm desenvolvendo soluções completas para utilização segura e econômica para o uso do OGAV in natura e óleo reciclados, no próprio motor a diesel. Uma delas, a Bioltec Systems, que desenvolveu módulos adaptáveis ao veículo com motor diesel que permite aos mesmos rodarem com qualquer tipo de combustível: óleo vegetal in natura, gordura vegetal e animal, óleo residual, biodiesel e, com opção de alternar para o óleo diesel conforme necessidade do operador ou motorista. Essa empresa realizou seus primeiros testes para essa tecnologia em 2000, e o sucesso foi tanto que hoje seus módulos estão rodam em veículos e máquinas na Áustria, Suíça, Irlanda, Espanha, Holanda, Rep. Tcheca, Itália e, mais recentemente, no Brasil.
No sentido da aplicação dessa tecnologia em relação ao desenvolvimento industrial o Estado do Pará/Brasil apresentou no último senso uma das melhores taxas de crescimento e estudos indicam que a contar com os investimentos previstos para o setor, o crescimento deverá manter-se, isso  significa que o Pará deverá despontar-se como forte produtor de pinhão manso destinado a fabricação sustentável de biocombustíveis, principalmente pelas seguintes razões:  por apresentar condições agroclimáticas favoráveis; por possuir  grandes extensões de terras atropizadas e propícias ao cultivo do pinhão manso; pela existência de uma das maiores concentrações de agricultores familiares do país em situação de risco social; e pela sua localização estratégica em relação aos grandes mercados consumidores. Para a realidade desses pequenos agricultores no Pará, o cultivo do pinhão manso apresenta um custo de oportunidade atraente ainda mais se associar a perspectiva de uso do próprio óleo in natura para geração de energia conforme temos dito em artigos anteriores.
Oferecemos nossa experiência para colaborar com empresas interessadas em investir no cultivo do pinhão manso no Estado do Pará. Entre em contato conosco: marlotins@gmail.com

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