Dermatologistas poderão prescrever creme,
gel, pomada e sabonete à base de pinhão manso devido a sua ação antibacteriana.
Reproduzimos abaixo o artigo na íntegra divulgado no site da
Universidade Federal da Bahia – UFBA, estudos realizados no Laboratório de
Biotecnologia e Ecotoxicologia da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC.
Pesquisadores da FTC desenvolveram alternativas baratas para tratamento
de dermatites a partir de uma planta venenosa encontrada nos quintais de várias
residências baianas. Trata-se da Jatropha curcas L. popularmente chamada de
pinhão manso, planta que tem servido como matéria-prima para a pesquisa e
desenvolvimento de cosmecêuticos (cosméticos funcionais) e também é bastante
conhecida pelos baianos, pois faz parte dos rituais de candomblé sendo
utilizada para afastar maus espíritos.
Belarmino Conceição (54 anos), morador da Boa Vista do Lobato, bairro da
periferia de Salvador, conhece bem as propriedades dessa planta. Ele relata que
há algum tempo tinha uma ferida no braço, que custava a sarar, causada por um
arranhão, ocorrida enquanto arrumava uma cerca nos fundos de casa. Como não
tinha o hábito de ir ao médico, lavou durante algum tempo o local da ferida com
chá de pinhão manso e tempos depois estava curado. Por conta do elevado custo
de muitos medicamentos, as pessoas, como Belarmino, têm recorrido cada vez mais
ao uso das plantas da biodiversidade brasileira, que apresentam propriedades
medicinais.
Para além da pesquisa como biocombustível, o pinhão manso, segundo o
professor Mauro Bitencourt (Farmacêutico, Mestre em Bioenergia pela FTC e
professor Toxicologia e Farmacologia Clínica do curso de Farmácia da FTC), tem
ação antibacteriana e seu extrato foi testado contra bactérias que causam
infecções de pele como a Staphyloccocus aureus apresentando boa atividade
antibiótica.
Esta descoberta proporcionou o desenvolvimento de cosmecêuticos,
produtos inovadores, que resultaram no registro de uma patente. Ele, porém faz
um alerta para o fato de haver inúmeras indicações de “usos” na medicina
popular desta planta in natura, mas ainda de forma empírica, sem comprovação
científica. Para ele é necessário cautela para sua aplicação, pois ainda
precisa conhecer os possíveis efeitos colaterais que variam com a concentração
de dose e vias de administração. Considerando a necessidade premente de novos
antibacterianos eficazes e que, reconhecidamente, o estudo da utilização
popular de plantas medicinais é uma ferramenta importante na descoberta de novos
fármacos.
Com o avanço das pesquisas sobre os benefícios do pinhão manso para a
saúde humana, os dermatologistas poderão prescrever o pinhão manso aos seus
pacientes, em forma de creme, gel, pomada e sabonete (cosmecêuticos produzidos
na pesquisa do Prof. Mauro Bitencourt). Além de ter propriedade antibacteriana,
pesquisas com a planta comprovam que o pinhão manso tem a capacidade de agir
diretamente na diminuição de rugas, desaparecimentos de manchas e minimização
de cicatrizes. As pesquisas também puderam constatar que o extrato de pinhão
manso tem um poder antimicrobiano muito elevado, o que é visto como uma
excelente alternativa como antibiótico natural.
Pomada e creme feitos do pinhão manso
Espécies com substâncias químicas de uso reconhecido na medicina devem
ser trabalhadas visando sua produção em níveis sustentáveis e maiores,
constituindo-se em uma perspectiva para obtenção de antibiótico natural por
apresentar evidente atividade antimicrobiana frente a microorganismos
Staphylococcus aureus, Staphylococcus saprophyticus e Staphylococcus
epidermidis. Todos os estudos foram realizados no Laboratório de Biotecnologia
e Ecotoxicologia / Biotecnologia e Microbiologia da FTC, com o apoio do Núcleo
de Biotecnologia – NuBiotec que tem como linha de pesquisa: o aproveitamento de
resíduos e co-produtos agrícolas e industrias para viabilização da produção de
biocombustíveis de segunda geração, havendo no momento a possibilidade de
parceria com um laboratório privado para efetuar os testes regulatórios, assim
como fabricação em larga escala em uma próxima fase do estudo.
Gels e sabonetes também poderão ser produzidos a partir da planta
medicinal
No entanto apesar das polêmicas em torno do uso de animais para testes
laboratoriais, tais testes serão efetuados em ratos. A regulamentação dos
medicamentos fitoterápicos industrializados é realizada pela Anvisa, órgão
federal do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, dentre as diversas ações
da vigilância sanitária, está o registro de produtos, controle do processo produtivo,
distribuição, comercialização, publicidade, consumo e descarte, além de
análises laboratoriais.
O intuito deste é o gerenciamento dos possíveis riscos à saúde em todas
as fases da cadeia dos produtos, onde se incluem os cosmecêuticos. Como os estudos
ainda estão em fase de testes, não se tem uma preocupação quanto às estratégias
para enfrentar os gigantes dominadores de mercado de cosméticos, para tal serão
estudadas posteriormente ações para viabilizar a inserção dos produtos no
mercado.
Os pesquisadores destacam, ainda, que o uso da biomassa do pinhão manso
para a produção de produtos de alto valor agregado como cosmecêuticos ajuda a
viabilizar economicamente o uso desta oleaginosa para a produção de biodiesel.
Para maiores informações sugerimos consultar o FTC na Universidade
Federal da Bahia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário