sexta-feira, 25 de maio de 2012

Uso do próprio óleo de pinhão manso como combustível em pequenas comunidades rurais


O  uso do próprio óleo de pinhão manso como combustível em pequenas comunidades rurais é uma alternativa prática, viável e sustentável que pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida de famílias de pequenos agricultores e agregar outros benefícios sociais, ambientais e econômicos no campo.
Caros leitores, neste artigo discutiremos algumas razões que justificam o uso do óleo vegetal diretamente no tanque de combustível. No artigo anterior sobre perspectivas do uso do óleo de pinhão manso in natura direto no motor descrevemos que já existem tecnologias apropriadas para uso do próprio óleo vegetal como combustível, sem a necessidade de transformações químicas (biodiesel, por exemplo).
O óleo vegetal é obtido pelas plantas via fotossíntese. A planta tem a capacidade de transformar a energia solar (fonte mais pura e abundante na natureza) e armazená-la na forma de óleo vegetal. Este é um produto energético natural e constitui uma das formas mais densa (alta concentração energética) e prática de armazenar e transportar energia convertida via fotossíntese e que apresenta um balaço energético positivo superior em relação a outros combustíveis.  É um biocombustível seguro no transporte, não é explosivo ou inflamável, não emite gases tóxicos ou cancerígenos, não é nocivo ao solo, água e seres vivos; em caso de vazamentos acidentais, ou seja, não é agressivo ao meio ambiente ou ao pessoal que o manipula. Se adequadamente processado, pode ser armazenado por longo período de tempo sem perda de suas características. Normalmente o óleo vegetal é armazenado nas sementes ou grãos dos vegetais.
O óleo vegetal é extraído da semente por meio de um processo físico simples que não requer grandes capacitações tecnológicas, ou grandes investimentos em equipamentos e não requer o fornecimento de insumos adicionais ao processo – no caso da extração por prensagem: diferente do processo de produção do biodiesel. Para tanto a própria natureza das plantas captam a energia solar (fonte de energia limpa e abundantemente disponível no planeta), via fotossíntese. O custo da obtenção dessa energia é a produção agrícola e os processos de prensagem. Assim uma comunidade rural isolada pode dominar todo o processo de obtenção do óleo vegetal sem grandes dificuldades.
A simplicidade do cultivo e o processo do óleo vegetal permite ser realizado de maneira descentralizada tanto em grande como em pequena escala indicando sua adoção por pequenas comunidades rurais para suprir suas necessidades de fontes de energia e combustíveis: permitindo elevar o nível da qualidade de vida das mesmas.
O óleo vegetal é um biocombustível que permite alta eficiência energética pois possibilita maximizar o aproveitamento do seu conteúdo energético com o mínimo de consumo de sua energia intrínseca no processo de obtenção. Seu  alto conteúdo energético associado ao baixo consumo de energia no processo de cultivo e obtenção do óleo aliado ao seu consumo no próprio local de origem reduz vários custos agregado (dentre eles as transformações químicas e o  transporte) favorecendo um balanço energético positivo superior em relação a outros biocombustíveis.
O balanço energético é o parâmetro mais adequado para definir a viabilidade técnica de qualquer programa bioenergético. Este estabelece a relação entre o total de energia contida no biocombustível e o total de energia (geralmente fóssil) investida em todo o processo de produção do biocombustível, incluindo o processo agrícola e industrial.
O balanço energético do óleo vegetal é calculado tomando-se por base a quantidade de energia consumida na obtenção (energia gasta na produção agrícola, logística e prensagem) e deduzindo do seu conteúdo energético, com grandeza expressa em Jaules/kg – J/kg. 
Para os cálculos do balanço energético vamos tomar por base o óleo do pinhão manso como descrito no artigo anterior valor comercial energético do pinhão manso, onde demonstramos o seu conteúdo energético.
O conteúdo energético do óleo de pinhão manso é de 15,4 MJ/Kg (extração com prensa de alta eficiência) e o custo da produção agrícola e prensagem de óleo vegetal consome cerca de 15% da sua energia bruta total.
Portanto, o óleo de pinhão manso apresenta um balanço energético positivo de cerca de 13,09 MJ/Kg. Fazendo uma analogia com o biodiesel este apresenta um balanço energético bem menor uma vez que para produzi-lo exigi-se um consumo maior de energia na transformação química do óleo em biodiesel. Considerando que, no Brasil, o modelo de produção e uso do biodiesel é centralizador, os custos com logística reduzem ainda mais esse balanço representando, além de prejuízos econômicos, também ambientais; uma vez que há significativo desperdício de energia para a sustentação desse modelo.   
Assim sendo, a eficiência energética apresenta-se mais favorável ao uso do óleo vegetal in natura como biocombustível em relação ao biodiesel.
Se a estes fatores adicionarmos a descentralização da produção, a praticidade na obtenção do óleo  e uso deste como biocombustível, os benefícios sócios ambientais e econômicos são ainda mais expressivos; sugerindo sua indicação e viabilidade para pequenas comunidades rurais.
Desde o século passado, já existem equipamentos especialmente desenvolvidos e adaptáveis aos veículos equipados com motores diesel (especialmente os mais modernos com bicos injetores tipo agulha) que permitem receber e queimar o óleo vegetal natural como combustível sem prejuízos para os componentes internos do motor. Na Alemanha, em 2008, a frota de veículos convertidos para óleo vegetal já somavam 20.000 unidades.
Além do mais, os motores a diesel apresentam um rendimento energético (conversão em energia térmica) – de 40 a 42% – superiores aos à álcool – de 32 a 34% – e os à gasolina – de 28 a 30%.
Outros fatores favoráveis ao uso do óleo vegetal diretamente no motor de combustão interna.
- os óleos vegetais apresentam características semelhantes às do óleo diesel, podendo, em caso especial, serem queimados em motores de ciclo diesel sem prejuízos para os componentes internos do motor;
- a queima do óleo vegetal não emite enxofre e o balanço de emissão de gases de efeito estufa é altamente positiva, sobretudo em se tratando da produção, consumo e aproveitamento dos resíduos na própria região produtiva, nos casos de adoção de um modelo energético descentralizado em pequenas comunidades rurais;
Vantagens relacionadas ao cultivo das oleaginosas já citados em artigos anteriores, tais como:
- combate a erosão;
- recuperação de solos degradados;
- controle e manejo da água no solo;
- manejo de pastagens;
- consórcio com outras culturas e atividades rurais;
- fixação de nitrogênio no solo;
- fixação do homem no campo com renda extra e otimização da mão de obra familiar;
- diversificação da produção rural;
- segurança alimentar seja na própria alimentação humana ou na forma de proteína animal dependendo do uso do resíduo da extração do óleo;
- entre outros.
Mais informações sugerimos consultar o livro: A FONTE ALTERNATIVA; Óleo vegetal natural do Engº Agrônomo RICHARD SEIDEL  

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