Em apenas 05 anos de pesquisa o pinhão manso já apresenta 300% de ganho em produtividade de grãos somente com aplicação da tecnologia da seleção massal. Outros artifícios técnicos poderão ser associados e deverão promover um salto gigantesco em produtividade, no curto/médio prazo.
Em maio de 2006, a SDAU –
Sardarkrushinagar Dantiwada Agricultural University/Índia anunciava ao
mundo a primeira variedade de pinhão manso indicada para cultivos comerciais, a
SDAUJ I. Sua principal característica desejável era o alto conteúdo de óleo na
semente, 49,2%. Entretanto, a produtividade em grãos por hectare era de 1.000 a
1.100 kg, o que representava uma produtividade de óleo por hectare de 492 a 541
kg; considerada baixa para os parâmetros atuais.
Neste artigo destacamos o quanto o conhecimento sobre a planta evoluiu e
como os avanços em pesquisa e desenvolvimento tem contribuído para obtenção de
resultados surpreendentes em produtividade de grãos e outros fatores importantes
para inserir definitivamente a cultura na cadeia produtiva sustentável dos
biocombustíveis.
Em apenas 06 anos (2006 a 2012) os institutos brasileiros e estrangeiros
que se dedicam à pesquisa do pinhão manso, foram capazes de alcançar grandes
resultados: período este relativamente curto, considerando que a planta é de
ciclo de vida longo.
Numa comparação do pinhão manso com a cana-de-açúcar – cultura também de
ciclo longo e que recebeu nos últimos 36 anos (1.975 a 2.011) altos
investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, o ganho em produtividade
de álcool por hectare de cana plantada foi relativamente baixo – saltou de
2.000 litros para 10.000 litros nesse período: ganho de 400%; em comparação ao
ganho em produtividade de grão de pinhão manso de 300% registrado nos últimos
06 anos de pesquisa.
Comparado a variedade de pinhão manso anunciado pela SDAU – Sardarkrushinagar Dantiwada Agricultural
University/Índia (SDAUJ I) com um genótipo testado pela Embrapa no semiárido
nordestino, a produtividade triplicou em apenas 05 anos de pesquisa: saltando
de 1.100 kg (SDAUJ/2006) para 4.395 kg de grãos por hectare (Embrapa/2011), ou
seja, um ganho acima de 300%.
O domínio de conhecimento sobre o pinhão manso está cada vez mais
consistente: apesar de ainda existirem alguns desafios a superar.
Nesta busca por alternativas para a produção sustentável de biodiesel e
bioquerosene de aviação, onde o pinhão manso se insere como matéria-prima, este
conhecimento deve ser transferido ao agricultor de modo a assegurar o desenvolvimento
desta atividade com boa lucratividade, com benefícios ambientais e com retorno satisfatório
do seu investimento.
Esse domínio, temos dito neste blog, é graças aos esforços de
pesquisadores situados nos diversos institutos de pesquisa espalhados pelo
Brasil e no exterior que se desdobram na domesticação do pinhão manso.
Resultados ainda mais rápidos e surpreendentes deverão ser obtidos nos
próximos anos com o emprego da alta tecnologia a serviço da agricultura; com
destaque para a associação da engenharia genética com a tecnologia da
informação.
A aplicação de técnicas adequadas de manejo e reguladores de crescimento
são outros artifícios técnicos que prometem resultados extraordinários. Divulgamos,
no artigo sobre reguladores de crescimento vegetal que
a aplicação de benziladenina-BA na floração do pinhão manso fez aumentar em
450% a sua produtividade em grãos.
Em sendo o pinhão manso uma cultura ainda não domesticada divisa-se um
vasto horizonte favorável às grandes descobertas e, conforme anunciam os principais
institutos de pesquisas, nos próximos 03 anos deverão ser disponibilizadas no
mercado aos agricultores variedades elites de pinhão manso de alto desempenho.
Somam-se 04 instituições de pesquisa que já anunciaram possuir metas
para lançamento de variedade de pinhão manso de alta performance, dentre elas:
Embrapa (Projeto BRJatropha - Brasil), SG Biofuels (USA), IAC (Brasil), e a
JOil Pte. Ltd. (JO S1 e S2 - Cingapura).
Outras notícias que reforçam nossas
afirmações
Em março
de 2012 a empresa JOil anunciou uma variedade precoce de pinhão manso que já no
1º ano produz 2 toneladas por hectare.
Um boletim divulgado pela Embrapa, em 2011, sobre pesquisa,desenvolvimento e inovação em pinhão manso, apontava os principais resultados alcançados no desenvolvimento da cultura nos setores
de recursos genéticos e melhoramento (potencial de ganho genético alcançado
aumento de até 90% na produção); desenvolvimento do sistema de produção
(alcançando aumento de 300% na produção de grãos com aplicação correta de
fertilizantes); identificação de doenças e pragas (conseguindo identificar os
meios de controle químicos e biológicos); aproveitamento da torta
(identificação do potencial como excelente adubo orgânico e genótipos atóxicos
permitindo uso como ração animal); e entre outros. Esse boletim apresentou o
que a Embrapa já havia alcançando em relação ao domínio sobre o conhecimento da
cultura em apenas 03 anos (2007 a 2011) de pesquisas.
Em uma apresentação da Embrapa Agronenergia em novembro de 2011, o
pesquisador Bruno Laviola apresentou um resultado de pesquisa do desempenho de
genótipos de pinhão manso testados numa
unidade experimental da Embrapa no semiárido e o resultado foi que um genótipo
testado apresentou produtividade de 4.395 kg/hectare, após 03 anos de cultivo.
Portanto, existe um conjunto de conhecimento, tecnologias agrícolas e
experimentos que, associados, devem alcançar resultados, no curto prazo, que colocarão
o pinhão manso em posição de destaque entre as oleaginosas indicadas para a
produção sustentável de biocombustíveis e transferir conhecimento ao agricultor
para o desenvolvimento seguro da atividade com lucratividade, preservação da segurança
alimentar e menos impactos ao meio ambiente.
A seguir transcrevemos aos nossos leitores o artigo divulgado pela
SDAUJ/Índia em 2.006.
O Conselho Indiano de Pesquisa Agrícola desenvolveu uma variedade de
pinhão manso, denominada de SDAUJ I (Chatrapati), indicada para cultivo
comercial. As sementes da variedade promissora, SDAUJ I (Chatrapati),
contêm alto teor de óleo. Análises laboratoriais indicaram que o conteúdo
de óleo é de 49,2% e o teor proteico (não-comestível) da torta desengordurada de
47,8%. A variedade SDAUJ I (Chatrapati) apresentou rendimento em óleo bem
superior em comparação às outros acessos silvestres conhecidos.
Entretanto, foi observado que em condições de cultivo em sequeiro a produtividade
de grãos é muito baixa apresentando média de 1000 a 1100 kg de grãos por hectare.
O que significa dizer que a produtividade, nestas condições, atinge de 492 a
541 kg de óleo por hectare.
Segundo a instituição indiana, responsável pela condução das pesquisas,
esta variedade é recomenda para as regiões semi-áridas e áridas das regiões de
Gujrat e Rajasthan. Ela é resistente à seca, e pode ser cultivada com
sucesso em áreas com precipitação anual de 300 a 500 mm. A planta atinge
uma altura de aproximadamente 2,44 metros e apresenta resistência a algumas
pragas. Nossos comentários: talvez a resistência à pragas seja mais em
função das condições climáticas de cultivo do que da genética da planta.
Outra informação divulgado é que o pinhão manso pode ser cultivado em
qualquer tipo de solo. Como já tratamos em artigos anteriores: sem dúvida, o
pinhão manso pode ser cultivado em qualquer tipo de solo; afinal solo é
substrato. Entretanto pesquisadores alertam que para se alcançar boa
produtividade é preciso fornecer os nutrientes necessários às exigências da planta.
Solos pobres geram baixa produtividade.
Segundo informações divulgadas no site http://www.icar.org.in a variedade SDAUJ I (Chatrapati) foi desenvolvida pelo processo de seleção
massal pela Sardarkrushinagar, baseada na SDAU – Sardarkrushinagar Dantiwada Agricultural
University. A variedade identificada é recomendado por Instituto que Coordena
Projetos de Pesquisas e Desenvolvimento de Alternativas para os combustíveis fósseis.
Na Estação de Pesquisa Regional da SDAU, desde o final dos anos 90,
acontencem pesquisa de melhoramento genético do pinhão manso objetivando
transferir ao agricultor material genético de alto rendimento. Um banco de
germoplama foi desenvolvido por meio da coleta de material a partir de
diferentes partes da Índia. Estes genótipos foram avaliados foram
submetidos à seleção massal e replicados e o resultado final foi o isolamento
da variedade SDAUJ 1 (Chatrapati) que apresentou rendimento em óleo superior às
outras variedades locais. A análise do teor de óleo mostrou que esta
variedade contém 49,2% de óleo na semente.
Na Índia, forma identificados cerca de nove
espécies de jatropha e, segundo o site, o pinhão manso (Jatropha curcas L.) apresenta valor econômico em virtude do seu
conteúdo de óleo presente na semente e além do mais este óleo destina-se a
várias aplicações nas indústrias de transformação e usos tradicionais na
cultura do povo Indu, dentre elas: produção de cosméticos (sabonetes), uso na
iluminação pública e de residências e na indústria de tintas. A crescente demanda
mundial por biocombustível deverá estimular o cultivo desta oleaginosa por
agricultores.
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