domingo, 27 de maio de 2012

Salto de 300% em produtividade de grãos no pinhão manso nos primeiros 05 anos de pesquisa


Em apenas 05 anos de pesquisa o pinhão manso já apresenta 300% de ganho em produtividade de grãos somente com aplicação da tecnologia da seleção massal. Outros artifícios técnicos poderão ser associados e deverão promover um salto gigantesco em produtividade, no curto/médio prazo.  
Em maio de 2006, a SDAU –  Sardarkrushinagar Dantiwada Agricultural University/Índia anunciava ao mundo a primeira variedade de pinhão manso indicada para cultivos comerciais, a SDAUJ I. Sua principal característica desejável era o alto conteúdo de óleo na semente, 49,2%. Entretanto, a produtividade em grãos por hectare era de 1.000 a 1.100 kg, o que representava uma produtividade de óleo por hectare de 492 a 541 kg; considerada baixa para os parâmetros atuais.
Neste artigo destacamos o quanto o conhecimento sobre a planta evoluiu e como os avanços em pesquisa e desenvolvimento tem contribuído para obtenção de resultados surpreendentes em produtividade de grãos e outros fatores importantes para inserir definitivamente a cultura na cadeia produtiva sustentável dos biocombustíveis.
Em apenas 06 anos (2006 a 2012) os institutos brasileiros e estrangeiros que se dedicam à pesquisa do pinhão manso, foram capazes de alcançar grandes resultados: período este relativamente curto, considerando que a planta é de ciclo de vida longo.
Numa comparação do pinhão manso com a cana-de-açúcar – cultura também de ciclo longo e que recebeu nos últimos 36 anos (1.975 a 2.011) altos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, o ganho em produtividade de álcool por hectare de cana plantada foi relativamente baixo – saltou de 2.000 litros para 10.000 litros nesse período: ganho de 400%; em comparação ao ganho em produtividade de grão de pinhão manso de 300% registrado nos últimos 06 anos de pesquisa.
Comparado a variedade de pinhão manso anunciado pela SDAU –  Sardarkrushinagar Dantiwada Agricultural University/Índia (SDAUJ I) com um genótipo testado pela Embrapa no semiárido nordestino, a produtividade triplicou em apenas 05 anos de pesquisa: saltando de 1.100 kg (SDAUJ/2006) para 4.395 kg de grãos por hectare (Embrapa/2011), ou seja, um ganho acima de 300%.
O domínio de conhecimento sobre o pinhão manso está cada vez mais consistente: apesar de ainda existirem alguns desafios a superar.
Nesta busca por alternativas para a produção sustentável de biodiesel e bioquerosene de aviação, onde o pinhão manso se insere como matéria-prima, este conhecimento deve ser transferido ao agricultor de modo a assegurar o desenvolvimento desta atividade com boa lucratividade, com benefícios ambientais e com retorno satisfatório do seu investimento.
Esse domínio, temos dito neste blog, é graças aos esforços de pesquisadores situados nos diversos institutos de pesquisa espalhados pelo Brasil e no exterior que se desdobram na domesticação do pinhão manso.
Resultados ainda mais rápidos e surpreendentes deverão ser obtidos nos próximos anos com o emprego da alta tecnologia a serviço da agricultura; com destaque para a associação da engenharia genética com a tecnologia da informação.
A aplicação de técnicas adequadas de manejo e reguladores de crescimento são outros artifícios técnicos que prometem resultados extraordinários. Divulgamos, no artigo sobre reguladores de crescimento vegetal que a aplicação de benziladenina-BA na floração do pinhão manso fez aumentar em 450% a sua produtividade em grãos.
Em sendo o pinhão manso uma cultura ainda não domesticada divisa-se um vasto horizonte favorável às grandes descobertas e, conforme anunciam os principais institutos de pesquisas, nos próximos 03 anos deverão ser disponibilizadas no mercado aos agricultores variedades elites de pinhão manso de alto desempenho.   
Somam-se 04 instituições de pesquisa que já anunciaram possuir metas para lançamento de variedade de pinhão manso de alta performance, dentre elas: Embrapa (Projeto BRJatropha - Brasil), SG Biofuels (USA), IAC (Brasil), e a JOil Pte. Ltd. (JO S1 e S2 - Cingapura).
Outras notícias que reforçam nossas afirmações
Em março de 2012 a empresa JOil anunciou uma variedade precoce de pinhão manso que já no 1º ano produz 2 toneladas por hectare.
Um boletim divulgado pela Embrapa, em 2011, sobre pesquisa,desenvolvimento e inovação em pinhão mansoapontava os principais resultados alcançados no desenvolvimento da cultura nos setores de recursos genéticos e melhoramento (potencial de ganho genético alcançado aumento de até 90% na produção); desenvolvimento do sistema de produção (alcançando aumento de 300% na produção de grãos com aplicação correta de fertilizantes); identificação de doenças e pragas (conseguindo identificar os meios de controle químicos e biológicos); aproveitamento da torta (identificação do potencial como excelente adubo orgânico e genótipos atóxicos permitindo uso como ração animal); e entre outros. Esse boletim apresentou o que a Embrapa já havia alcançando em relação ao domínio sobre o conhecimento da cultura em apenas 03 anos (2007 a 2011) de pesquisas.
Em uma apresentação da Embrapa Agronenergia em novembro de 2011, o pesquisador Bruno Laviola apresentou um resultado de pesquisa do desempenho de genótipos  de pinhão manso testados numa unidade experimental da Embrapa no semiárido e o resultado foi que um genótipo testado apresentou produtividade de 4.395 kg/hectare, após 03 anos de cultivo.
Portanto, existe um conjunto de conhecimento, tecnologias agrícolas e experimentos que, associados, devem alcançar resultados, no curto prazo, que colocarão o pinhão manso em posição de destaque entre as oleaginosas indicadas para a produção sustentável de biocombustíveis e transferir conhecimento ao agricultor para o desenvolvimento seguro da atividade com lucratividade, preservação da segurança alimentar e menos impactos ao meio ambiente.  
A seguir transcrevemos aos nossos leitores o artigo divulgado pela SDAUJ/Índia em 2.006.
O Conselho Indiano de Pesquisa Agrícola desenvolveu uma variedade de pinhão manso, denominada de SDAUJ I (Chatrapati), indicada para cultivo comercial. As sementes da variedade promissora, SDAUJ I (Chatrapati), contêm alto teor de óleo. Análises laboratoriais indicaram que o conteúdo de óleo é de 49,2% e o teor proteico (não-comestível) da torta desengordurada de 47,8%. A variedade SDAUJ I (Chatrapati) apresentou rendimento em óleo bem superior em comparação às outros acessos silvestres conhecidos.
Entretanto, foi observado que em condições de cultivo em sequeiro a produtividade de grãos é muito baixa apresentando média de 1000 a 1100 kg de grãos por hectare. O que significa dizer que a produtividade, nestas condições, atinge de 492 a 541 kg de óleo por hectare. 
Segundo a instituição indiana, responsável pela condução das pesquisas, esta variedade é recomenda para as regiões semi-áridas e áridas das regiões de Gujrat e Rajasthan. Ela é resistente à seca, e pode ser cultivada com sucesso em áreas com precipitação anual de 300 a 500 mm. A planta atinge uma altura de aproximadamente 2,44 metros e apresenta resistência a algumas pragas. Nossos comentários: talvez a resistência à pragas seja mais em função das condições climáticas de cultivo do que da genética da planta.
Outra informação divulgado é que o pinhão manso pode ser cultivado em qualquer tipo de solo. Como já tratamos em artigos anteriores: sem dúvida, o pinhão manso pode ser cultivado em qualquer tipo de solo; afinal solo é substrato. Entretanto pesquisadores alertam que para se alcançar boa produtividade é preciso fornecer os nutrientes necessários às exigências da planta. Solos pobres geram baixa produtividade.
Segundo informações divulgadas no site http://www.icar.org.in a variedade SDAUJ I (Chatrapati) foi desenvolvida pelo processo de seleção massal pela Sardarkrushinagar, baseada na SDAU –  Sardarkrushinagar Dantiwada Agricultural University. A variedade identificada é  recomendado por Instituto que Coordena Projetos de Pesquisas e Desenvolvimento de Alternativas para os combustíveis fósseis. 
Na Estação de Pesquisa Regional da SDAU, desde o final dos anos 90, acontencem pesquisa de melhoramento genético do pinhão manso objetivando transferir ao agricultor material genético de alto rendimento. Um banco de germoplama foi desenvolvido por meio da coleta de material a partir de diferentes partes da Índia. Estes genótipos foram avaliados foram submetidos à seleção massal e replicados e o resultado final foi o isolamento da variedade SDAUJ 1 (Chatrapati) que apresentou rendimento em óleo superior às outras variedades locais. A análise do teor de óleo mostrou que esta variedade contém 49,2% de óleo na semente. 

Na Índia, forma identificados cerca de nove espécies de jatropha e, segundo o site, o pinhão manso (Jatropha curcas L.) apresenta valor econômico em virtude do seu conteúdo de óleo presente na semente e além do mais este óleo destina-se a várias aplicações nas indústrias de transformação e usos tradicionais na cultura do povo Indu, dentre elas: produção de cosméticos (sabonetes), uso na iluminação pública e de residências e na indústria de tintas. A crescente demanda mundial por biocombustível deverá estimular o cultivo desta oleaginosa por agricultores. 

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