Por solicitação dos nossos leitores, reproduzimos uma publicação de
autoria de José Manuel
Cabral de Sousa Dias, da Embrapa Agroenergia, onde é mencionado os
avanços em conhecimento sobre a cultura do pinhão manso conforme as pesquisas
nesta instituição vão apresentando resultados.
Segue abaixo:
A procura de fontes alternativas para a
produção de biodiesel encontra como alternativa o pinhão-manso, que
apresenta um teor elevado de óleo de boa qualidade para a produção do
bicombustível. O rendimento potencial de frutos de pinhão manso varia de 2 a 5
toneladas/ por hectare por ano, dependendo do cultivar, solo, nutrientes e
condições de precipitação Os grãos contêm entre 30 e 35% de óleo É uma das
poucas oleaginosas que não compete diretamente com a agricultura
de alimentos, sendo compatível comperfil da agricultura familiar.
Apesar das inúmeras potencialidades do
pinhão manso, diversos fatores devem ser solucionados para efetiva utilização
da espécie no Brasil. Dentre eles estão o conhecimento da variabilidade
genética disponível para programas de melhoramento e a possibilidade de
utilização da torta, resíduo da extração do óleo, no arraçoamento de animais, a
exemplo do que acontece com a de soja. Outra questão se refere à
toxicidade dos grãos de pinhão manso e de seus derivados, o que impõe cuidados
no manuseio desses produtos e resíduos, por trabalhadores rurais, operadores de
usinas de biodiesel e técnicos que trabalham em laboratórios.
Quatro publicações tratando de aspectos
relevantes para um programa de PD&I em pinhão manso, à diversidade genética
da espécie e à toxidez dos grãos, do óleo e da torta e de recomendações de
segurança no manuseio desses produtos foram recentemente disponibilizados, para
consulta e download, na página eletrônica da Embrapa Agroenergia
(www.cnpae.embrapa.br).
A primeira é um Documento, cujo autor
principal é o chefe da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães,
chamado Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Pinhão-manso para
Produção de Biocombustíveis. Na publicação são discutidas as três
principais diretrizes que embasam o programa biodiesel no Brasil: (a) implantar
um programa sustentável, promovendo inclusão social; (b) garantir preços
competitivos, qualidade e escala de suprimento; (c) produzir o biodiesel a
partir de diferentes fontes oleaginosas e em regiões diversas. As duas
primeiras são extremamente dependentes da terceira, pois, só se pode garantir
um programa sustentável e com preços competitivos ao se dispor de
matérias-primas que atendam aos seguintes requisitos: (1) tecnologia agronômica
definida; (2) tecnologia industrial estabelecida; (3) logística e
infra-estrutura para produção e (4) escala de produção.
O documento organiza as informações e
apresenta os elementos mínimos para estabelecimento de parcerias para pesquisa,
desenvolvimento e inovação no negócio de pinhão-manso. Neste sentido,
destina-se a todos os interessados neste negócio, independente de sua área de
atuação: PD&I, produção, governo, instituições financeiras e outros. O
endereço eletrônico do Documento
é http://www.cnpae.embrapa.br/publicacoes-para-download/documentos/ano-2009/
A segunda publicação é um Boletim de
Pesquisa denominado Avaliação da Diversidade Genética do Banco de Germoplasmade Pinhão-manso por Marcadores Moleculares, da autoria de Rosado e
colaboradores que relata resultado de estudos realizados para estimar a
diversidade genética de 192 acessos de pinhão manso de diferentes regiões do
Brasil usando marcadores RAPD e SSR. Com os primeiros marcadores, os
acessos foram reunidos em três grupos principais, com 97% de acessos
em um único grupo. Os resultados revelaram que acessos de pinhão-manso de
diferentes regiões do Brasil possuem base genética estreita, causada
provavelmente por uma ancestralidade comum, tornando-se necessária a
introdução de acessos de centros de diversidade da espécie para tornar mais
efetivo o programa de melhoramento genético.
No Comunicado Técnico UsoPotencial e Toxidez da Torta de Pinhão-manso, Mendonça e Laviola fazem uma revisão dos principais fatores tóxicos e antinutricionais presentes
no pinhão-manso e em seus componentes e derivados, enfatizando que os
ésteres de forbol são os principais compostos tóxicos presentes nas
frações citadas. Também apresentam as principais estratégias de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação (PD&I) que estão sendo seguidas para efetuar a
destoxificação da torta do pinhão-manso. Entre elas, estão os tratamentos
térmicos, os tratamentos físico-químicos e os tratamentos microbianos. Os
autores enfatizam que a eficiência da destoxificação só poderá ser avaliada com a
realização de testes in vitro com as espécies animais a que se
pretenda fornecer a torta destoxificada.
As recomendações de segurança no
manuseio dos grãos, do óleo e tortas de pinhão-manso fazem parte da Circular
Técnica Substâncias Tóxicas, Alergênicas e Antinutricionais Presentes
no Pinhão-manso e seus Derivados e Procedimentos Adequados ao Manuseio, de
autoria de Gonçalves e colaboradores (http://www.cnpae.embrapa.br/publicacoes-para-download/circular-tecnica/)..
Destaque deve ser dado ao fato de que os ésteres de forbol presentes no
pinhão-manso e em suas frações têm efeitos tóxicos (agudos ou crônicos), quando
ingeridos ou em contato com a pele. Na Circular Técnica são
apresentados os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) que devem ser usados
durante o manuseio do óleo ou da torta de pinhão-manso.
A publicação desses novos trabalhos
acrescenta importantes informações àquelas que já estavam publicadas na página
eletrônica da Embrapa Agroenergia e que resultaram dos trabalhos (http://www.cnpae.embrapa.br/palestras/icbpmm/cd_cbpmm.zip/view)
e das palestras (http://www.cnpae.embrapa.br/palestras/palestras-do-i-congresso-de-pinhao-manso/ apresentados
no I Congresso Brasileiro de Pesquisa de Pinhão-manso, realizado em novembro de
2009, em Brasília (DF).
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