quinta-feira, 31 de maio de 2012

Aplicação do pinhão manso na área cosmética



Dermatologistas poderão prescrever creme, gel, pomada e sabonete à base de pinhão manso devido a sua ação antibacteriana.
Reproduzimos abaixo o artigo na íntegra divulgado no site da Universidade Federal da Bahia – UFBA, estudos realizados no Laboratório de Biotecnologia e Ecotoxicologia da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC.
Pesquisadores da FTC desenvolveram alternativas baratas para tratamento de dermatites a partir de uma planta venenosa encontrada nos quintais de várias residências baianas. Trata-se da Jatropha curcas L. popularmente chamada de pinhão manso, planta que tem servido como matéria-prima para a pesquisa e desenvolvimento de cosmecêuticos (cosméticos funcionais) e também é bastante conhecida pelos baianos, pois faz parte dos rituais de candomblé sendo utilizada para afastar maus espíritos.
Belarmino Conceição (54 anos), morador da Boa Vista do Lobato, bairro da periferia de Salvador, conhece bem as propriedades dessa planta. Ele relata que há algum tempo tinha uma ferida no braço, que custava a sarar, causada por um arranhão, ocorrida enquanto arrumava uma cerca nos fundos de casa. Como não tinha o hábito de ir ao médico, lavou durante algum tempo o local da ferida com chá de pinhão manso e tempos depois estava curado. Por conta do elevado custo de muitos medicamentos, as pessoas, como Belarmino, têm recorrido cada vez mais ao uso das plantas da biodiversidade brasileira, que apresentam propriedades medicinais.
Para além da pesquisa como biocombustível, o pinhão manso, segundo o professor Mauro Bitencourt (Farmacêutico, Mestre em Bioenergia pela FTC e professor Toxicologia e Farmacologia Clínica do curso de Farmácia da FTC), tem ação antibacteriana e seu extrato foi testado contra bactérias que causam infecções de pele como a Staphyloccocus aureus apresentando boa atividade antibiótica.
Esta descoberta proporcionou o desenvolvimento de cosmecêuticos, produtos inovadores, que resultaram no registro de uma patente. Ele, porém faz um alerta para o fato de haver inúmeras indicações de “usos” na medicina popular desta planta in natura, mas ainda de forma empírica, sem comprovação científica. Para ele é necessário cautela para sua aplicação, pois ainda precisa conhecer os possíveis efeitos colaterais que variam com a concentração de dose e vias de administração. Considerando a necessidade premente de novos antibacterianos eficazes e que, reconhecidamente, o estudo da utilização popular de plantas medicinais é uma ferramenta importante na descoberta de novos fármacos.
Com o avanço das pesquisas sobre os benefícios do pinhão manso para a saúde humana, os dermatologistas poderão prescrever o pinhão manso aos seus pacientes, em forma de creme, gel, pomada e sabonete (cosmecêuticos produzidos na pesquisa do Prof. Mauro Bitencourt). Além de ter propriedade antibacteriana, pesquisas com a planta comprovam que o pinhão manso tem a capacidade de agir diretamente na diminuição de rugas, desaparecimentos de manchas e minimização de cicatrizes. As pesquisas também puderam constatar que o extrato de pinhão manso tem um poder antimicrobiano muito elevado, o que é visto como uma excelente alternativa como antibiótico natural.
Pomada e creme feitos do pinhão manso
Espécies com substâncias químicas de uso reconhecido na medicina devem ser trabalhadas visando sua produção em níveis sustentáveis e maiores, constituindo-se em uma perspectiva para obtenção de antibiótico natural por apresentar evidente atividade antimicrobiana frente a microorganismos Staphylococcus aureus, Staphylococcus saprophyticus e Staphylococcus epidermidis. Todos os estudos foram realizados no Laboratório de Biotecnologia e Ecotoxicologia / Biotecnologia e Microbiologia da FTC, com o apoio do Núcleo de Biotecnologia – NuBiotec que tem como linha de pesquisa: o aproveitamento de resíduos e co-produtos agrícolas e industrias para viabilização da produção de biocombustíveis de segunda geração, havendo no momento a possibilidade de parceria com um laboratório privado para efetuar os testes regulatórios, assim como fabricação em larga escala em uma próxima fase do estudo.
Gels e sabonetes também poderão ser produzidos a partir da planta medicinal
No entanto apesar das polêmicas em torno do uso de animais para testes laboratoriais, tais testes serão efetuados em ratos. A regulamentação dos medicamentos fitoterápicos industrializados é realizada pela Anvisa, órgão federal do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, dentre as diversas ações da vigilância sanitária, está o registro de produtos, controle do processo produtivo, distribuição, comercialização, publicidade, consumo e descarte, além de análises laboratoriais.
O intuito deste é o gerenciamento dos possíveis riscos à saúde em todas as fases da cadeia dos produtos, onde se incluem os cosmecêuticos. Como os estudos ainda estão em fase de testes, não se tem uma preocupação quanto às estratégias para enfrentar os gigantes dominadores de mercado de cosméticos, para tal serão estudadas posteriormente ações para viabilizar a inserção dos produtos no mercado.
Os pesquisadores destacam, ainda, que o uso da biomassa do pinhão manso para a produção de produtos de alto valor agregado como cosmecêuticos ajuda a viabilizar economicamente o uso desta oleaginosa para a produção de biodiesel.
Para maiores informações sugerimos consultar o FTC na Universidade Federal da Bahia.

terça-feira, 29 de maio de 2012

A SG Biofuels propõe um modelo de negócio de sucesso para o pinhão manso



O modelo de negócio proposto pela SG Biofuels para a cadeia de valor do pinhão manso não restringe apenas ao desenvolvimento e comércio de sementes híbridas de elite de alto desempenho, vai mais além. A empresa criou um modelo de negócio vinculando toda cadeia de valor para a oleaginosa, conectando desde o agricultor no campo, passando pela indústria de transformação, até o consumidor final do biocombustível. Em todas as etapas da cadeia de suprimentos são celebrados contratos antecipados entre os atores do processo garantindo, de ponta a ponta, o desenvolvimento do negócio com total segurança e alta lucratividade. Desta forma, aproximando agricultor, com a indústria de transformação e o consumidor final de bioenergia, a SG Biofuels acredita que é possível viabilizar as atividades produtivas na cadeia do pinhão manso com redução dos custos e maximização dos lucros.
A SGB afirma que adotando este modelo e cultivando seus híbridos elite de pinhão manso de alta performance, testados e adaptados aos diferentes climas nos locais de cultivo, aproximando destes locais e reduzindo as distâncias entre a indústria de transformação e os consumidos finais, é possível agregar valor à atividade: dobrando os rendimentos e triplicando os lucros.  
Para consolidar este negócio a SG Biofuels, sediada na Califórnia, obteve 17 milhões dólares em financiamento, numa série de acordos estratégicos com grandes empresas investidoras, recursos estes que estão sendo destinados  a expansão de suas pesquisas e desenvolvimento, a estruturação da rede de comercialização e à escala de suas operações globais.
A SGB ​​também anunciou que Pratik Shah, Ph.D., sócio da Thomas, McNerney, e Caulder Jerry, Ph.D., diretor da Ventures Finistere, financiadoras desta etapa do projeto, juntaram-se a diretoria de administração da empresa.
Uma mega plataforma de negócio composta por uma rede sólida de clientes permitiu a SG Biofuels anunciar a assinatura de contrato para a implantação de 250.000 hectares de pinhão manso usando suas sementes híbridas JMax. Isso inclui um acordo com Bharat Renewable Energy Limited (BREL), uma joint venture entre a Bharat Petroleum, estatal indiana de petróleo e gás natural, bem como a JETBIO, empresa brasileira líder de uma iniciativa que envolve um grupo de empresas interessadas, dentre elas a Airbus, o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, e TAM Airlines objetivando implantar, no Brasil, cultivo de pinhão manso destinado à produção sustentável de bioquerosene para a aviação.
O interessante é que a produção, geradas nesses 250.000 hectares, já estão pré-encomenda. Nesse modelo, a SG Biofuels assina acordos multilaterais que asseguram aos clientes de ambos os polos da cadeia cumprirem os contratos; garantindo a produção ao destinatário bem como o recebimento, pelo produtor, do produto gerado.  
Visando assegurar os resultados, as sementes JMax são testadas em campo na região de cultivo e são determinados os índices de produtividade e custos de produção. Uma vez provada a viabilidade, o cliente concorda em encomendar as semente da SGB em volume que atenda a superfície de área a ser cultivada para atender à demanda do cliente comprador.
Além da empresa principal de pesquisa e desenvolvimento sediada na Guatemala, há ensaios em campo de cultivos em solos na Índia, com a empresa Bharat, e em Mato Grosso do Sul, no Brasil, com o consórcio JETBIO e empresas associadas.
Na Índia, 35.000 hectares já estão pré-encomendados, por meio da parceria com a empresa Bharat Petroleum.  Os resultados obtidos nos ensaios de campo já foram contabilizados e confirmaram serem satisfatórios.
No Brasil, com a JETBIO, os ensaios em campo estão apresentando bons resultados e a área disponibilizada para cultivo é de 30.000 hectares. 
Segundo declarações da empresa, um dos processos adotados é experimentar um determinado conjunto de híbridos, testando-os diretamente no campo, e depois aguardar os resultados gerados.
Segue abaixo algumas declarações do presidente da SG Biofuels, Kirk Haney
“Nosso objetivo é fazer com que os ensaios em campo demonstrem que nossos híbridos vão alcançar o rendimento que afirmamos.”
"No final dos ensaios, nós da SGB, saberemos qual é o espaçamento mais indicado; a quantidade exata de nutrientes que a planta necessita; a quantidade de água que ela exige; como  e quando podar; entre outros, bem como o rendimento apresentado pela planta frente às diversas condições agroclimáticas, diz Kirk Haney.
Por que o negócio do pinhão manso falhou no passado?
"Temos afirmado, há algum tempo, o que falhou no passado não foi a planta pinhão manso, mas sim o tipo de modelo de negócio adotado para o setor, continuou Haney. "Nosso trabalho tem sido o de obter dados e torna-los de domínio público, e, em seguida, apresentar os resultados que confirmem que temos o que dizemos que temos. "
Como tornar o negócio do pinhão manso uma atividade lucrativa?
"Nossa proposta é fazer com que os agricultores e produtores tenham certeza que vão ganhar dinheiro com a atividade, a um baixo custo de produção e/ou de processamento” – afirma Haney
"Dependendo do solo, a colheita pode ser manual, parcialmente mecanizada, ou totalmente mecanizada. Há algumas colheitadeiras de café que foram adaptadas para colheita mecanizada do pinhão manso. Agora, o pinhão manso não é exatamente como o café. Na colheita do pinhão manso colhe-se o fruto que contém a semente, produto principal. Entretanto, as indústrias de esmagamento e extração de óleo já dominam esta tecnologia. "
Qual é o modelo de vendas da empresa?
"Em nosso modelo de negócio, muito raramente os produtores estão ligados diretamente, focamos nos compradores do óleo. Estes são os mandatários do processo, pois são eles que têm a demanda dos biocombustíeveis. Como somos capazes de empurrá-los, podemos trazer juntos os produtores. Se você sabe que tem um mercado consumidor final, e se você sabe qual é a produção em grãos esperada a partir dos ensaios realizados nos diferentes micro-climas, cria-se um ambiente receptivo no meio agrícola para atrair os agricultores. Eu particularmente tenho um plantio de teca na América Central com área de 50.000 hectares. Particularmente sei como os produtores podem ser cativados. Você precisa provar um retorno satisfatório para a atividade e garantir a venda da produção. Se você garantir o preço antecipado ao produtor e existir um cliente que assegure a compra da sua produção, os riscos são reduzidos, torna-se atrativa e facilita a adesão do agricultor à atividade.".
A dinâmica de mudança do mercado de biocombustíveis estimulando a produção de grãos
“A escalada de preço das oleaginosas no mercado mundial é consequência do aumento na demanda por matéria prima provocada pela corrida pelos biocombustíveis: a dinâmica do mercado. Há uma necessidade de estimular o setor agrícola para responder a essa demanda. Entretanto, o nosso foco é reduzir os riscos para o produtor, e provar aos mesmos que a atividade é lucrativa e o retorno do investimento é seguro. É por isso que temos concentrado nossos esforços na genética da planta, objetivando agregar valor à atividade. Esta estratégia fará baixar os custos de produção, aumentar a produtividade e impulsionar essa cultura. "

domingo, 27 de maio de 2012

Salto de 300% em produtividade de grãos no pinhão manso nos primeiros 05 anos de pesquisa


Em apenas 05 anos de pesquisa o pinhão manso já apresenta 300% de ganho em produtividade de grãos somente com aplicação da tecnologia da seleção massal. Outros artifícios técnicos poderão ser associados e deverão promover um salto gigantesco em produtividade, no curto/médio prazo.  
Em maio de 2006, a SDAU –  Sardarkrushinagar Dantiwada Agricultural University/Índia anunciava ao mundo a primeira variedade de pinhão manso indicada para cultivos comerciais, a SDAUJ I. Sua principal característica desejável era o alto conteúdo de óleo na semente, 49,2%. Entretanto, a produtividade em grãos por hectare era de 1.000 a 1.100 kg, o que representava uma produtividade de óleo por hectare de 492 a 541 kg; considerada baixa para os parâmetros atuais.
Neste artigo destacamos o quanto o conhecimento sobre a planta evoluiu e como os avanços em pesquisa e desenvolvimento tem contribuído para obtenção de resultados surpreendentes em produtividade de grãos e outros fatores importantes para inserir definitivamente a cultura na cadeia produtiva sustentável dos biocombustíveis.
Em apenas 06 anos (2006 a 2012) os institutos brasileiros e estrangeiros que se dedicam à pesquisa do pinhão manso, foram capazes de alcançar grandes resultados: período este relativamente curto, considerando que a planta é de ciclo de vida longo.
Numa comparação do pinhão manso com a cana-de-açúcar – cultura também de ciclo longo e que recebeu nos últimos 36 anos (1.975 a 2.011) altos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, o ganho em produtividade de álcool por hectare de cana plantada foi relativamente baixo – saltou de 2.000 litros para 10.000 litros nesse período: ganho de 400%; em comparação ao ganho em produtividade de grão de pinhão manso de 300% registrado nos últimos 06 anos de pesquisa.
Comparado a variedade de pinhão manso anunciado pela SDAU –  Sardarkrushinagar Dantiwada Agricultural University/Índia (SDAUJ I) com um genótipo testado pela Embrapa no semiárido nordestino, a produtividade triplicou em apenas 05 anos de pesquisa: saltando de 1.100 kg (SDAUJ/2006) para 4.395 kg de grãos por hectare (Embrapa/2011), ou seja, um ganho acima de 300%.
O domínio de conhecimento sobre o pinhão manso está cada vez mais consistente: apesar de ainda existirem alguns desafios a superar.
Nesta busca por alternativas para a produção sustentável de biodiesel e bioquerosene de aviação, onde o pinhão manso se insere como matéria-prima, este conhecimento deve ser transferido ao agricultor de modo a assegurar o desenvolvimento desta atividade com boa lucratividade, com benefícios ambientais e com retorno satisfatório do seu investimento.
Esse domínio, temos dito neste blog, é graças aos esforços de pesquisadores situados nos diversos institutos de pesquisa espalhados pelo Brasil e no exterior que se desdobram na domesticação do pinhão manso.
Resultados ainda mais rápidos e surpreendentes deverão ser obtidos nos próximos anos com o emprego da alta tecnologia a serviço da agricultura; com destaque para a associação da engenharia genética com a tecnologia da informação.
A aplicação de técnicas adequadas de manejo e reguladores de crescimento são outros artifícios técnicos que prometem resultados extraordinários. Divulgamos, no artigo sobre reguladores de crescimento vegetal que a aplicação de benziladenina-BA na floração do pinhão manso fez aumentar em 450% a sua produtividade em grãos.
Em sendo o pinhão manso uma cultura ainda não domesticada divisa-se um vasto horizonte favorável às grandes descobertas e, conforme anunciam os principais institutos de pesquisas, nos próximos 03 anos deverão ser disponibilizadas no mercado aos agricultores variedades elites de pinhão manso de alto desempenho.   
Somam-se 04 instituições de pesquisa que já anunciaram possuir metas para lançamento de variedade de pinhão manso de alta performance, dentre elas: Embrapa (Projeto BRJatropha - Brasil), SG Biofuels (USA), IAC (Brasil), e a JOil Pte. Ltd. (JO S1 e S2 - Cingapura).
Outras notícias que reforçam nossas afirmações
Em março de 2012 a empresa JOil anunciou uma variedade precoce de pinhão manso que já no 1º ano produz 2 toneladas por hectare.
Um boletim divulgado pela Embrapa, em 2011, sobre pesquisa,desenvolvimento e inovação em pinhão mansoapontava os principais resultados alcançados no desenvolvimento da cultura nos setores de recursos genéticos e melhoramento (potencial de ganho genético alcançado aumento de até 90% na produção); desenvolvimento do sistema de produção (alcançando aumento de 300% na produção de grãos com aplicação correta de fertilizantes); identificação de doenças e pragas (conseguindo identificar os meios de controle químicos e biológicos); aproveitamento da torta (identificação do potencial como excelente adubo orgânico e genótipos atóxicos permitindo uso como ração animal); e entre outros. Esse boletim apresentou o que a Embrapa já havia alcançando em relação ao domínio sobre o conhecimento da cultura em apenas 03 anos (2007 a 2011) de pesquisas.
Em uma apresentação da Embrapa Agronenergia em novembro de 2011, o pesquisador Bruno Laviola apresentou um resultado de pesquisa do desempenho de genótipos  de pinhão manso testados numa unidade experimental da Embrapa no semiárido e o resultado foi que um genótipo testado apresentou produtividade de 4.395 kg/hectare, após 03 anos de cultivo.
Portanto, existe um conjunto de conhecimento, tecnologias agrícolas e experimentos que, associados, devem alcançar resultados, no curto prazo, que colocarão o pinhão manso em posição de destaque entre as oleaginosas indicadas para a produção sustentável de biocombustíveis e transferir conhecimento ao agricultor para o desenvolvimento seguro da atividade com lucratividade, preservação da segurança alimentar e menos impactos ao meio ambiente.  
A seguir transcrevemos aos nossos leitores o artigo divulgado pela SDAUJ/Índia em 2.006.
O Conselho Indiano de Pesquisa Agrícola desenvolveu uma variedade de pinhão manso, denominada de SDAUJ I (Chatrapati), indicada para cultivo comercial. As sementes da variedade promissora, SDAUJ I (Chatrapati), contêm alto teor de óleo. Análises laboratoriais indicaram que o conteúdo de óleo é de 49,2% e o teor proteico (não-comestível) da torta desengordurada de 47,8%. A variedade SDAUJ I (Chatrapati) apresentou rendimento em óleo bem superior em comparação às outros acessos silvestres conhecidos.
Entretanto, foi observado que em condições de cultivo em sequeiro a produtividade de grãos é muito baixa apresentando média de 1000 a 1100 kg de grãos por hectare. O que significa dizer que a produtividade, nestas condições, atinge de 492 a 541 kg de óleo por hectare. 
Segundo a instituição indiana, responsável pela condução das pesquisas, esta variedade é recomenda para as regiões semi-áridas e áridas das regiões de Gujrat e Rajasthan. Ela é resistente à seca, e pode ser cultivada com sucesso em áreas com precipitação anual de 300 a 500 mm. A planta atinge uma altura de aproximadamente 2,44 metros e apresenta resistência a algumas pragas. Nossos comentários: talvez a resistência à pragas seja mais em função das condições climáticas de cultivo do que da genética da planta.
Outra informação divulgado é que o pinhão manso pode ser cultivado em qualquer tipo de solo. Como já tratamos em artigos anteriores: sem dúvida, o pinhão manso pode ser cultivado em qualquer tipo de solo; afinal solo é substrato. Entretanto pesquisadores alertam que para se alcançar boa produtividade é preciso fornecer os nutrientes necessários às exigências da planta. Solos pobres geram baixa produtividade.
Segundo informações divulgadas no site http://www.icar.org.in a variedade SDAUJ I (Chatrapati) foi desenvolvida pelo processo de seleção massal pela Sardarkrushinagar, baseada na SDAU –  Sardarkrushinagar Dantiwada Agricultural University. A variedade identificada é  recomendado por Instituto que Coordena Projetos de Pesquisas e Desenvolvimento de Alternativas para os combustíveis fósseis. 
Na Estação de Pesquisa Regional da SDAU, desde o final dos anos 90, acontencem pesquisa de melhoramento genético do pinhão manso objetivando transferir ao agricultor material genético de alto rendimento. Um banco de germoplama foi desenvolvido por meio da coleta de material a partir de diferentes partes da Índia. Estes genótipos foram avaliados foram submetidos à seleção massal e replicados e o resultado final foi o isolamento da variedade SDAUJ 1 (Chatrapati) que apresentou rendimento em óleo superior às outras variedades locais. A análise do teor de óleo mostrou que esta variedade contém 49,2% de óleo na semente. 

Na Índia, forma identificados cerca de nove espécies de jatropha e, segundo o site, o pinhão manso (Jatropha curcas L.) apresenta valor econômico em virtude do seu conteúdo de óleo presente na semente e além do mais este óleo destina-se a várias aplicações nas indústrias de transformação e usos tradicionais na cultura do povo Indu, dentre elas: produção de cosméticos (sabonetes), uso na iluminação pública e de residências e na indústria de tintas. A crescente demanda mundial por biocombustível deverá estimular o cultivo desta oleaginosa por agricultores. 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Uso do próprio óleo de pinhão manso como combustível em pequenas comunidades rurais


O  uso do próprio óleo de pinhão manso como combustível em pequenas comunidades rurais é uma alternativa prática, viável e sustentável que pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida de famílias de pequenos agricultores e agregar outros benefícios sociais, ambientais e econômicos no campo.
Caros leitores, neste artigo discutiremos algumas razões que justificam o uso do óleo vegetal diretamente no tanque de combustível. No artigo anterior sobre perspectivas do uso do óleo de pinhão manso in natura direto no motor descrevemos que já existem tecnologias apropriadas para uso do próprio óleo vegetal como combustível, sem a necessidade de transformações químicas (biodiesel, por exemplo).
O óleo vegetal é obtido pelas plantas via fotossíntese. A planta tem a capacidade de transformar a energia solar (fonte mais pura e abundante na natureza) e armazená-la na forma de óleo vegetal. Este é um produto energético natural e constitui uma das formas mais densa (alta concentração energética) e prática de armazenar e transportar energia convertida via fotossíntese e que apresenta um balaço energético positivo superior em relação a outros combustíveis.  É um biocombustível seguro no transporte, não é explosivo ou inflamável, não emite gases tóxicos ou cancerígenos, não é nocivo ao solo, água e seres vivos; em caso de vazamentos acidentais, ou seja, não é agressivo ao meio ambiente ou ao pessoal que o manipula. Se adequadamente processado, pode ser armazenado por longo período de tempo sem perda de suas características. Normalmente o óleo vegetal é armazenado nas sementes ou grãos dos vegetais.
O óleo vegetal é extraído da semente por meio de um processo físico simples que não requer grandes capacitações tecnológicas, ou grandes investimentos em equipamentos e não requer o fornecimento de insumos adicionais ao processo – no caso da extração por prensagem: diferente do processo de produção do biodiesel. Para tanto a própria natureza das plantas captam a energia solar (fonte de energia limpa e abundantemente disponível no planeta), via fotossíntese. O custo da obtenção dessa energia é a produção agrícola e os processos de prensagem. Assim uma comunidade rural isolada pode dominar todo o processo de obtenção do óleo vegetal sem grandes dificuldades.
A simplicidade do cultivo e o processo do óleo vegetal permite ser realizado de maneira descentralizada tanto em grande como em pequena escala indicando sua adoção por pequenas comunidades rurais para suprir suas necessidades de fontes de energia e combustíveis: permitindo elevar o nível da qualidade de vida das mesmas.
O óleo vegetal é um biocombustível que permite alta eficiência energética pois possibilita maximizar o aproveitamento do seu conteúdo energético com o mínimo de consumo de sua energia intrínseca no processo de obtenção. Seu  alto conteúdo energético associado ao baixo consumo de energia no processo de cultivo e obtenção do óleo aliado ao seu consumo no próprio local de origem reduz vários custos agregado (dentre eles as transformações químicas e o  transporte) favorecendo um balanço energético positivo superior em relação a outros biocombustíveis.
O balanço energético é o parâmetro mais adequado para definir a viabilidade técnica de qualquer programa bioenergético. Este estabelece a relação entre o total de energia contida no biocombustível e o total de energia (geralmente fóssil) investida em todo o processo de produção do biocombustível, incluindo o processo agrícola e industrial.
O balanço energético do óleo vegetal é calculado tomando-se por base a quantidade de energia consumida na obtenção (energia gasta na produção agrícola, logística e prensagem) e deduzindo do seu conteúdo energético, com grandeza expressa em Jaules/kg – J/kg. 
Para os cálculos do balanço energético vamos tomar por base o óleo do pinhão manso como descrito no artigo anterior valor comercial energético do pinhão manso, onde demonstramos o seu conteúdo energético.
O conteúdo energético do óleo de pinhão manso é de 15,4 MJ/Kg (extração com prensa de alta eficiência) e o custo da produção agrícola e prensagem de óleo vegetal consome cerca de 15% da sua energia bruta total.
Portanto, o óleo de pinhão manso apresenta um balanço energético positivo de cerca de 13,09 MJ/Kg. Fazendo uma analogia com o biodiesel este apresenta um balanço energético bem menor uma vez que para produzi-lo exigi-se um consumo maior de energia na transformação química do óleo em biodiesel. Considerando que, no Brasil, o modelo de produção e uso do biodiesel é centralizador, os custos com logística reduzem ainda mais esse balanço representando, além de prejuízos econômicos, também ambientais; uma vez que há significativo desperdício de energia para a sustentação desse modelo.   
Assim sendo, a eficiência energética apresenta-se mais favorável ao uso do óleo vegetal in natura como biocombustível em relação ao biodiesel.
Se a estes fatores adicionarmos a descentralização da produção, a praticidade na obtenção do óleo  e uso deste como biocombustível, os benefícios sócios ambientais e econômicos são ainda mais expressivos; sugerindo sua indicação e viabilidade para pequenas comunidades rurais.
Desde o século passado, já existem equipamentos especialmente desenvolvidos e adaptáveis aos veículos equipados com motores diesel (especialmente os mais modernos com bicos injetores tipo agulha) que permitem receber e queimar o óleo vegetal natural como combustível sem prejuízos para os componentes internos do motor. Na Alemanha, em 2008, a frota de veículos convertidos para óleo vegetal já somavam 20.000 unidades.
Além do mais, os motores a diesel apresentam um rendimento energético (conversão em energia térmica) – de 40 a 42% – superiores aos à álcool – de 32 a 34% – e os à gasolina – de 28 a 30%.
Outros fatores favoráveis ao uso do óleo vegetal diretamente no motor de combustão interna.
- os óleos vegetais apresentam características semelhantes às do óleo diesel, podendo, em caso especial, serem queimados em motores de ciclo diesel sem prejuízos para os componentes internos do motor;
- a queima do óleo vegetal não emite enxofre e o balanço de emissão de gases de efeito estufa é altamente positiva, sobretudo em se tratando da produção, consumo e aproveitamento dos resíduos na própria região produtiva, nos casos de adoção de um modelo energético descentralizado em pequenas comunidades rurais;
Vantagens relacionadas ao cultivo das oleaginosas já citados em artigos anteriores, tais como:
- combate a erosão;
- recuperação de solos degradados;
- controle e manejo da água no solo;
- manejo de pastagens;
- consórcio com outras culturas e atividades rurais;
- fixação de nitrogênio no solo;
- fixação do homem no campo com renda extra e otimização da mão de obra familiar;
- diversificação da produção rural;
- segurança alimentar seja na própria alimentação humana ou na forma de proteína animal dependendo do uso do resíduo da extração do óleo;
- entre outros.
Mais informações sugerimos consultar o livro: A FONTE ALTERNATIVA; Óleo vegetal natural do Engº Agrônomo RICHARD SEIDEL  

sábado, 19 de maio de 2012

Destoxicação da torta de pinhão manso é realizada por fungo encontrado na própria torta



Fungo presente na própria torta do pinhão manso foi capaz de inativar o éster de forbol e reduzir em cerca de 80% a toxidez da torta – este é o resultado de uma interessante pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agroenergia que visa prospectar microrganismos para o desenvolvimento de bioprocessos aplicáveis.
Nas pesquisas realizadas na Embrapa Agroenergia, os microrganismos ocupam papel de relevância. A Unidade executa diversos projetos com o objetivo de isolar, caracterizar e avaliar microrganismos e seus metabólitos, ao mesmo tempo em que trabalha para desenvolver bioprocessos que os utilizem na produção de etanol, na utilização de glicerina e na destoxificação da torta de pinhão-manso.
A estrutura laboratorial do Centro foi construída para realizar pesquisas básicas na prospecção de microrganismos, seus componentes e metabólitos, estudar os bioprocessos com os microrganismos e substâncias promissoras, além de levar os bioprocessos à escala piloto e/ou semi-industrial.
Para tanto, trabalham, de forma integrada os pesquisadores e analistas do (a):
•  Laboratório de Biologia Energética (LBE):
•  Laboratório de Processamento de Matérias-primas Energéticas (LPE)
•  Laboratório de Aproveitamento de Coprodutos e Resíduos (LCR)
•  Central de Análises Químicas e Instrumentais (CAQ)
•  Complexo de Plantas-Piloto (PPO)
Entre os projetos executados na Embrapa Agroenergia para isolamento e seleção de microrganismos e desenvolvimento de bioprocessos destacamos neste artigo o tratamento microbiano da torta de pinhão-manso.
Microrganismos estão sendo estudados pela  Embrapa Agroenergia com o objetivo de destoxificar a torta  de pinhão-manso e utilizá-la como ração. Os pesquisadores  encontraram, na própria torta, microrganismos capazes  de inativar o éster de forbol, principal substância tóxica  presente no material. Um dos fungos identificados e  caracterizados foi capaz de reduzir em cerca de 80% a toxidez da torta. Os estudos estão sendo feitos no âmbito de vários projetos de pesquisa da Embrapa Agroenergia, que estuda o pinhão-manso como potencial matéria-prima para a produção de biodiesel.
Para mais informações sugerimos aos nossos leitores pesquisar no link: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/923357/1/Microrganismos2012.pdf
Fonte: Embrapa Agroenergia

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O valor comercial energético do pinhão manso é de USD 2.430,0 por hectare: é o que demonstra um estudo

Estudo avalia o conteúdo energético e o valor comercial do pinhão manso. Os dados foram compilados fracionando o pinhão manso e considerando dois cenários. Um cenário para o caso de baixa eficiência e o outro para alta eficiência no processo de extração do óleo da semente.
A Jatro AG, empresa baseada na Europa, é mais uma companhia a investir em estudos para melhor entender o comportamento do pinhão manso com vistas ao cultivo em grande escala e atender a crescente demanda mundial por biocombustíveis sustentáveis, sobretudo para as indústrias da aviação comercial.  
Selecionamos um importante estudo, que cremos ser inédito, elaborado pela Jatro AG que trata do valor energético e comercial do pinhão manso.
O estudo avalia o conteúdo energético e o valor comercial do pinhão manso fracionando o pinhão manso em:  fruto, casca do fruto, casca da semente, semente, torta e óleo e ainda considera dois cenários; um para o caso de baixa eficiência e o outro para alta eficiência no processo de extração do óleo da semente.
Esse estudo é de suma importância para demonstrar que o cultivo do pinhão manso apresenta balanço energético e comercial positivo e que pode agregar valor á renda do produtor desde que haja máximo aproveitamento dos produtos e resíduos.
A resalva que fazemos é quanto a produtividade de 07 toneladas por hectares que foi considerada nos cálculos deste estudo.

Segue abaixo um resumo do estudo

Considerações iniciais
Dependendo da eficiência do equipamento na extração do óleo do grão, 1 tonelada métrica de sementes irá produzir, entre 250 e 340 kg de óleo bruto de pinhão manso. A densidade de óleo bruto do pinhão manso é de 0,91 kg / l (em comparação com diesel mineral com uma densidade de 0,84 kg / l), isto traduz-se em rendimento de 275 a 374 litros de óleo bruto por tonelada métrica de grão. 
Baseado numa colheita média de 07 toneladas de grãos por hectare, uma área de cultivo de pinhão manso renderá 1.750 a 2.380 kg de óleo bruto ou 1.923 a 2.615 litros por hectare.
Temos:
 
























Uma vez extraído o óleo, cerca de 66% a 75% do peso da semente, resulta em torta da semente (resíduo da extração), com conteúdo rico em proteínas e carboidratos. A quantidade de óleo deixado na torta depende da eficiência do processo de extração.



















Fórmula usada para o cálculo da conversão de energia e valores obtidos para o cultivo de 01 hectare de pinhão manso:

Fica demonstrado que o conteúdo de energia do restante das partes do fruto – torta da semente, após a extração de óleo, excede o conteúdo energético do óleo.

Resultados consolidados
Estimativa para uma área de cultivo de 20.000 hectares
Resultados
  §  1.890.000 GJ (óleo)
  §  2.060.000 GJ (torta)
  §  Total: 3.950.000 GJ
  §  = 647.540 BOE
  §  = 48.565.500,0 USD

Caros leitores, para maiores informações sobre este artigo, sugirimos consultar a própria fonte através do link: http://www.jatrofuels.com/174-0-Energetic+Value+of+Jatropha.html









domingo, 13 de maio de 2012

Pinhão manso alcança produtividade de 3.000 kg de grãos por hectare: é o que diz uma premiada pesquisa


Caros leitores, cometemos um equívoco quanto aos valores divulgados neste artigo, confirmamos com o responsável pela pesquisa Rodrigo Barros, Embrapa Rondônia, e o mesmo nos afirmou que a produtividade foi de 2,5 a 3,0 toneladas de grãos e não de óleo como está descrito abaixo. Portanto onde se lê 3,0 toneladas de óleo por hectare, leia 3,0 toneladas de grãos por hectare.  Informamos que estes resultados foram obtidos com seleção massal e o cultivo não é irrigado. 
Em um estudo que avalia o progresso genético, pesquisadores da Embrapa Rondônia, isolaram genótipo de pinhão manso que alcançou produtividade de 3,0 toneladas de óleo por hectare em plantas com 03 anos de idade. Esse é um feito inédito no país e reforça o potencial desta oleaginosa para a produção sustentável de biocombustíveis. Refirma também o que temos dito neste blog sobre os avanços em pesquisa fruto do esforço de incansável de pesquisadores. 
Este trabalho recebeu prêmio em importante evento técnico cujo a temática central foi matéria prima para biodiesel.

Atenção: a Embrapa continua afirmando que pinhão manso está em processo de domesticação e vem trabalhando para desenvolver uma cultivar para lançar no mercado. 

Transcrevemos para os nossos leitores o artigo na íntegra publicado no site da Embrapa.   
Um artigo produzido pela acadêmica Catiele Vieira Borges, intitulado “Ganhos genéticos preditos com a seleção de indivíduos de pinhão manso nos dois primeiros anos de plantio”, e com base em dados do programa de melhoramento genético em pinhão manso, coordenado pelo pesquisador da Embrapa Rondônia Rodrigo Barros Rocha, recebeu o Prêmio "Ciência, Tecnologia e Inovação em Biodiesel" na temática matéria prima.
A premiação ocorreu durante o principal evento técnico científico na área: o 5° Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel, realizado simultaneamente ao 8° Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, que ocorreu no período de 16 a 19 de abril, em Salvador (BA).
O trabalho quantificou a produção de biomassa do pinhão manso, selecionando as plantas de maior produção de óleo e é resultado da dissertação de mestrado da acadêmica, intitulada “Capacidade produtiva e progresso genético em pinhão manso (Jatropha curcas L.)”.
Pinhão manso em Rondônia
De acordo com o pesquisador, o pinhão manso ainda é considerado uma planta em domesticação e o principal objetivo do melhoramento dessa espécie é o desenvolvimento da primeira variedade comercial.  Em Rondônia estão sendo realizadas pesquisas da variabilidade genética dessa oleaginosa, visando selecionar plantas de maior potencial para a produção de óleo. “A média de produção das 10 melhores plantas selecionadas aos 36 meses varia de 2,5 a 3,0 toneladas por hectare, o que caracteriza uma boa produtividade, comparada a outras regiões do país”, explica Rodrigo Barros Rocha.
Segundo o pesquisador, o incremento da viabilidade econômica, social e ambiental desse cultivo ainda depende da avaliação de ensaios que associem o plantio de acessos selecionados às novas técnicas de manejo, como o uso de reguladores de crescimento. 
Biocombustíveis
O pinhão manso é considerado uma fonte potencial de matéria prima para a produção de biocombustíveis no Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel. A espécie possui algumas características que a torna interessante ao programa, como: potencial produtivo superior às oleaginosas tradicionais e óleo de qualidade para produção de biodiesel com possibilidade de inserção na cadeia produtiva da agricultura familiar. No entanto, por se tratar de uma espécie ainda não domesticada, limitações técnicas impedem a inserção plena do pinhão manso na matriz energética da produção de biocombustíveis.
Fonte: www.embrapa.br 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Em que cenário o cultivo do pinhão manso pode ser viável?


Neste artigo vamos abordar um conjunto de condições que, se colocadas num mesmo cenário, podem viabilizar o cultivo do pinhão manso: mesmo no estágio atual de domesticação da cultura.
Para tanto, faremos algumas abordagens relacionadas ao tema, dentre elas, a apresentação resumida de uma planilha de custo e uma rápida análise financeira para o cultivo de pinhão manso, baseado na experiência da empresa BIOGUR na região de Tucuruí, Estado do Pará- Brasil.
É sabido que para calcular o custo de produção de uma cultura vários fatores estão envolvidos, dentre eles: estado atual de uso e aproveitamento da terra; condições agroclimáticas do local; pH, fertilidade e estrutura do solo; comportamento da espécie cultivada e destino da produção; tecnologia aplicada ao manejo do solo e da cultura; logística de insumos; e até mesmo o rateio de custos pela permissividade do consórcio com outras culturas.
O objetivo deste artigo é apresentar, a título de referência, um resumo de uma planilha de custo para plantio de 1 hectare de pinhão manso que foi conduzido da seguinte forma: o cultivo foi desenvolvido na região de Tucuruí, Estado do Pará – Brasil pela emprega BIOGUR; o início do plantio ocorreu em janeiro de 2009; o estado atual da terra era uma área antropizada a mais de 20 anos com cobertura do solo formada de pastagem cansada; a topografia da área é ondulada; o tipo do solo é latossolo vermelho-argiloso apresentando boa drenagem; o adensamento adotado no cultivo foi de 3 x 2 m; e a mão de obra utilizada foi predominantemente braçal, uma vez que a intenção do projeto era fornecer um referencial para agricultura familiar objetivando futura inclusão destes no processo de produção do pinhão manso. Foi utilizado a mecanização somente nas etapas exigidas com vistas a agilizar e otimizar o serviço,.
Observação: os dados da planilha foram atualizados para o ano de 2011.
É importante frisar que o clima da região de Tucuruí favorece o crescimento e o desenvolvimento acelerado do pinhão manso, e neste caso a estabilização da lavoura/pomar se deu a partir do 3º ano após o plantio. Assim sendo a planilha contempla as seguintes fases: plantio ou implantação (1º ano); formação da lavoura/pomar (2º ano); e produção (3º ano).
Os dados foram copilados e divididos nas seguintes atividades: operações de manejo; insumos e materiais aplicados; e custos administrativos.
Segue abaixo o resumo da planilha
Descrição dos custos para o 1º ano em (R$/hectare) - Implantação
- Custos das operações de manejo – R$  872,25;
(a mão de obra braçal representou 17,45% dos custos desta etapa)
- Custos dos insumos e materiais aplicados – R$ 994,00; e
- Custos administrativos (inclui assistência técnica) – R$ 38,27
Custos totais para 1º ano = R$ 1.904,52

Descrição dos custos para o 2º ano em (R$/hectare) - Formação
- Custos das operações de manejo – R$  560,00;
(a mão de obra braçal representou 100% dos custos desta etapa)
- Custos dos insumos e materiais aplicados – R$ 526,00; e
- Custos administrativos (inclui assistência técnica) – R$ 47,06
Custos totais para 2º ano = R$ 1.133,06

Descrição dos custos para o 3º ano em (R$/hectare) - Produção
- Custos das operações de manejo – R$  805,00;
(a mão de obra braçal representou 100% dos custos desta etapa - colheita representou 39,13% dos custos)
- Custos dos insumos e materiais aplicados – R$ 759,00 (o fertilizante representou 71,15% dos custos); e
- Custos administrativos (inclui assistência técnica) – R$ 78,53 (o INSS representou 60,17% dos custos)
Custos totais para 3º ano = R$ 1.642,53

Rápida Análise Financeira
A produção no 3º ano de cultivo atingiu 5.096 kg/hectare (extra oficial), considerando que a lavoura/pomar produzirá ao longo prazo a mesma quantidade de grãos e que o valor de mercado pago pelo grão no Brasil se mantenha em R$ 0,42/kg (fonte: empresa NÒVRABRA – Colatina-ES em 2011), temos uma receita anual de R$ 2.140,62/hectare, a partir do 3º ano. Assim a lucratividade é de 23,26%, considerada muito baixa para uma atividade de produção agrícola.
Porque o pinhão manso então?
Se considerarmos:
- certas variáveis relacionadas à realidade da agricultura familiar da Região de Tucuruí; 
- algumas características peculiares do pinhão manso; às condições agroclimáticas da região; e associados a outros aspectos, nestas condições, o cultivo do pinhão manso pode transformar-se numa excelente oportunidade para complemento e diversificação da renda familiar com abertura de novas perspectivas para melhoria da qualidade de vida e fixação desses agricultores no campo.
Abaixo enumeramos dois aspectos centrais e certas considerações que nos auxiliarão a entender melhor a afirmação em evidência acima, a saber:
1º Aspecto: realidade sócio-ambiental atual do agricultor inserido nesse contexto
Considerando que:
- os cultivos serão implantados nas pequenas propriedades e desenvolvidos pelos agricultores familiares da Região;
- serão cultivados somente em áreas desmatadas de suas propriedades que apresentam solo em processo de degradação;
-  esses agricultores e suas famílias estão hoje sem opções de renda e com dificuldade de produzir e escoar a produção;
- a renda per capta mensal destas famílias é inferior a R$ 200,00 e que a mesma é insuficiente para oferecer condições dignas de vida e assegurar a fixação no campo;
- a mão de obra familiar está ociosa;
- as atividades produtivas são limitadas, de baixa qualidade e produtividade, e de subsistência - situação que compromete a segurança alimentar, não gera sobras de produção e, consequentemente, não permite a ascensão social e, tão pouco, perspectivas de melhoras futuras para as gerações vindouras;
- os programas de assistência técnica (disponibilizados pelo governo federal) são incapazes e/ou insuficientes para atender as demandas dos agricultores;  
- a baixa qualidade e volume de produção aliado à falta de infraestrutura de armazenagem, impede a formação de reservas de grãos alimentares impossibilitando o agricultor de manter o hábito cultural de criação de pequenos animais na sua propriedade, comprometendo a fonte proteica da alimentação familiar;
- as poucas atividades produtivas são desenvolvidas com uso de técnicas agrícolas rudimentares, ultrapassadas e contrárias à conservação do solo;
- além de outros fatores de ordem política, estrutural, fundiária, transporte, saúde e segurança, organizacional, e com destaque para a exploração escravagistas e castradoras que esses agricultores sofrem de suas “pseudolideranças lideranças representativas” (algumas federações, sindicatos e presidentes de associações a eles ligados).
2º Aspecto: características da planta, seus pontos fortes, características da região e  perspectivas futuras para o produtor e de mercado para o pinhão manso
Considerando que:
- algumas características agronômicas do pinhão manso (silvestre) que o habilita para cultivo destinado ao agricultor familiar da região, tais como: planta recuperação do solo (pioneira), colheita manual, fácil manejo relativo, cultura não alimentar; boa produtividade para o clima da região, colheita anual contínua (até 8 meses no ano) pela frutificação irregular, e permissão de consorciar com culturas alimentares, entre outras;
 - a possibilidade de reduzir os custos com fertilizante pelo emprego da torta do pinhão manso – rica em NPK;
- a possibilidade de melhorar a qualidade do solo;
- a possibilidade de complementar e diversificar a renda do agricultor;
- a possibilidade de assegurar ao agricultor da região renda complementar durante 8 meses do ano (colheita do pinhão manso); e
- o aumento da produção e produtividade tanto do pinhão manso como das culturas alimentares pela transferência de tecnologia ao agricultor e adoção do manejo agrícola adequado;
- as pesquisas direcionam para o desenvolvimento de cultivares de pinhão manso de alto rendimento, resultado em maior agregação de renda ao produtor;
- o cultivo do pinhão manso pode otimizar as áreas de produção na propriedade e a mão de obra familiar;
- o cultivo do pinhão manso pode abrir caminho para o escoamento da produção excedente de outras atividades desenvolvidas na propriedade pela estruturação de uma rede de transporte da produção desta oleaginosa; e
- por fim, considerando que uma família de agricultor familiar composta de 04 integrantes pode cultivar mais de 10 hectares de pinhão manso, consorciados com culturas sazonais, sem comprometer outras atividades desenvolvidas na sua propriedade.
Diante do exposto, podemos afirmar que somente com o cultivo de 05 hectares de pinhão manso, o agricultor poderá agregar à renda familiar, aproximadamente, R$ 543,00 mensais (durante 12 meses) ou elevar a renda per capta familiar dos atuais R$ 200,00/mês para R$ 337,00/mês um aumento de quase 69%. Isso considerando que uma família é composta de 04 pessoas e tem capacidade para cultivar até 10 hectares de pinhão manso sem prejuízo das outras atividades. Assim, o valor pago na mão de obra, inclusa nos custos operacionais de manejo da cultura, ficaria na própria propriedade: agregada à renda familiar.
Fazendo um amálgama de todos os fatores citados acima e associarmos a vários outros favoráveis à região, tais como: localização geográfica estratégica em relação aos grandes mercados; opção da matriz energética brasileira por energia limpa; considerando que a região concentra uma das maiores populações de agricultores familiares do mundo, com alta incidência de solo em processo de degradação – 89%, segundo o IMAZON, pode-se afirmar que essas análises indicam que o cultivo do pinhão manso, para esses agricultores, apresentam um custo de oportunidade altamente atrativo em compensação à baixa lucratividade apresentada inicialmente na análise financeira.
Questões levantadas: Participem!
Prezados leitores, a abordagem feita neste artigo é sustentável; é convincente ou carece de outras considerações? / Você indicaria o cultivo do pinhão manso aos agricultores familiares abordados neste artigo? Porque?
Desejamos, por gentileza, ouvir suas opiniões com vistas a aprimorarmos nossos conhecimento e enriquecer nosso blog com informações.
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Nota:
O aproveitamento das linhas de cultivo do pinhão manso para o plantio de outras culturas  é um meio de redução dos custos de produção e conservação do solo com melhoria da sua estrutura e prevenção da erosão. Dependendo da espécie consorciada, outros benefícios podem ser sentidos: por exemplo, o caso do girassol que lança raízes profundas e entre outras características, possui a capacidade de trazer o potássio lixiviado para a superfície devolvendo ao solo na forma de resíduo orgânico da safra.