Em
todos os encontros e eventos que participei sobre o tema, diria que, relativo à
cadeia produtiva do pinhão manso, essa é uma pergunta que não quer calar.
Estabelecer
custos e preços do óleo de pinhão manso tem sido um desafio, tanto para os
institutos especializados quanto para as empresas que estão atuando nesse
mercado: situação normal, considerando que a cultura do pinhão manso está em processo de estruturação da sua cadeia produtiva (cultura comercial emergente).
...
continuamos a alimentar nosso blog com artigos científicos e informações
seguras destinadas ao esclarecimento dos nossos leitores. Nesse sentido,
oferecemos subsídios para formação de opinião sobre o tema e colaborando para a
desmistificação desta oleaginosa que, segundo as autoridades no assunto e
pesquisadores, é uma das maiores promessas como alternativa ao suprimento da cadeia produtiva sustentável do
biodiesel e bioquerosene.
O
estabelecimento dos custos de produção e preços de mercado para a cadeia
produtiva do pinhão manso, no estágio atual de entendimento, continua sendo um
desafio, pois, existem variáveis que impactam direta e indiretamente nos
resultados.
1-
Dados oficiais
1.1- Relativo
ao custo do óleo
Oficialmente,
dados sobre a cultura vem sendo coletados e armazenados objetivando, em futuro
próximo, consolidar e determinar, por exemplo, o custo de produção e preço de
venda do óleo.
Vários
institutos têm se empenhado na obtenção de um referencial seguro: fato comum em
qualquer cadeia produtiva emergente.
Esses
estudos estão em ritmo acelerado e vem sendo capitaneados por expressivos e
surpreendentes resultados em pesquisa, fruto do desdobrado e incansável empenho
de dedicados pesquisadores, ligados a diversos institutos de pesquisas
espalhados pelo Brasil e no mundo, comprometidos em apresentar soluções
práticas aos reclames do mercado: e a aplicação da biotecnologia é uma das
principais responsáveis pela domesticação e consolidação do pinhão manso, permitindo-o
destiná-lo à produção comercial em grande escala.
1.2- Relativo ao preço do
óleo
O
preço de venda do óleo de pinhão manso no mercado brasileiro é ditado pelo
biodiesel e acompanha o das oleaginosas
tradicionais e hoje está acima de R$ 2.000,00/ m³.
2-
Dados
referenciais
Extraoficialmente,
para determinar o custo do óleo, vamos adotar como parâmetro experiências de
empresas que estão atuando nesse mercado. Exemplo: Saudibras - Caseara-TO,
NOVABRA - Colatina-ES, BIOAUTO – Nova Mutum-MT.
2.1- Relativo ao custo do
óleo
Experiência
da SAUDIBRAS/2009
-
Custo de produção do pinhão manso em hectare/ano, a partir da estabilização do
cultivo (4º ano) = R$ 1.266,15;
-
Produtividade de óleo de pinhão manso por hectare = 1.750 litros (35% de teor
de óleo e 5.000 kg de grão/ha); e
-
Custos operacionais e fator logístico = R$ 266,00/ m³ (estimado).
Temos:
-
Custo do óleo = R$ 875, 52/m³
Fonte:
Dados, de custo de produção e produtividade, cedidos pela empresa
Saudibras/2009.
Experiência
da NÒVABRA/2011
-
Preço pago do grão pago ao produtor (agricultor familiar) = R$ 420,00/ton;
-
Rendimento de óleo no grão = 380 litros/ton; e
-
Custos operacionais e fator logístico = R$ 266,00/ m³ (estimado).
Temos:
-
Custo do óleo = R$ 1.371,26/m³
2.2- Relativo ao preço do óleo
para atendimento a clientes especiais
As
expectativas que se criaram em torno do potencial do pinhão manso e a busca por
alternativas viáveis para produção sustentável de biocombustíveis levaram
várias empresas, laboratórios e institutos de pesquisas a uma busca frenética
seu óleo, sobretudo no segmento da aviação comercial (bioquerosene). Essa
demanda, associada à baixa produção e a descentralização das áreas de cultivo
nacionais, provocou forte pressão no mercado elevando sobremaneira o preço do
óleo de pinhão manso.
Algumas
empresas brasileiras especializadas, que já atuavam nesse segmento, anteciparam-se ao mercado e passaram a
comercializar o óleo de pinhão manso para atender a esses clientes especiais.
Elas conseguiram preços de venda bem acima do de mercado das oleaginosas tradicionais.
Um dos fatores que eleva sobremaneira o preço de
venda do óleo de pinhão manso é o alto custo com logística para centralizar a produção e
gerar grandes volumes de óleo, uma vez que a produção brasileira, hoje, está pulverizada no território e provém de pequenas áreas. Por outro lado, boa parte desses
plantios estão circunscritos às áreas de cultivos avaliativos e/ou
experimentais, localizados nos institutos de pesquisa.
Essas
empresas possuem um cadastro nacional de fornecedores (produtores de grãos) e
conseguem formar grandes volumes comprando de vários pequenos produtores
espalhados pelo território brasileiro.
Em
2011, uma dessas empresas conseguiu comercializar um lote de óleo de pinhão
manso a R$ 5.000,00 o metro cúbico.
Continuamos
afirmando que o maior gargalo do pinhão manso, no estágio atual de domínio
sobre a cultura, é frutificação irregular que eleva os custos para colheita
manual e inviabiliza a colheita mecanizada.
Defendemos
que o cultivo comercial do pinhão manso está reservando à agricultura familiar como forma de otimizar a
mão de obra e outras atividades agrícolas e aumento e diversificação de renda.
Entretanto,
em se penando em produção sustentável de biocombustível, empresas focadas na
crescente demanda mundial por produtos sustentáveis, e com vista a atender ao
pilar social, estrategicamente, vêm fomentando a produção de pinhão manso com
inclusão da agricultora familiar. Regiões onde existem grandes concentrações
desses agricultores estão sendo priorizadas por empresas que ambicionam centralizar
o processamento em grande escala.
Prezados leitores, não somos donos da verdade. Objetivamos nesse blog subsidiar com informações e contribuir para o desenvolvimento do senso crítico sobre a cultura do pinhão manso. Desejamos que nossos participem ativamente dos artigos, colaborem conosco, inclusive descrevendo suas experiências - estamos aguardando.
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