quinta-feira, 26 de abril de 2012

Custo de produção e preço de venda do óleo de pinhão manso



Em todos os encontros e eventos que participei sobre o tema, diria que, relativo à cadeia produtiva do pinhão manso, essa é uma pergunta que não quer calar.
Estabelecer custos e preços do óleo de pinhão manso tem sido um desafio, tanto para os institutos especializados quanto para as empresas que estão atuando nesse mercado: situação normal, considerando que a cultura do pinhão manso está em processo de estruturação da sua cadeia produtiva (cultura comercial emergente).
... continuamos a alimentar nosso blog com artigos científicos e informações seguras destinadas ao esclarecimento dos nossos leitores. Nesse sentido, oferecemos subsídios para formação de opinião sobre o tema e colaborando para a desmistificação desta oleaginosa que, segundo as autoridades no assunto e pesquisadores, é uma das maiores promessas como alternativa ao suprimento da cadeia produtiva sustentável do biodiesel e bioquerosene.
O estabelecimento dos custos de produção e preços de mercado para a cadeia produtiva do pinhão manso, no estágio atual de entendimento, continua sendo um desafio, pois, existem variáveis que impactam direta e indiretamente nos resultados.
1-      Dados oficiais
1.1-  Relativo ao custo do óleo
Oficialmente, dados sobre a cultura vem sendo coletados e armazenados objetivando, em futuro próximo, consolidar e determinar, por exemplo, o custo de produção e preço de venda do óleo.
Vários institutos têm se empenhado na obtenção de um referencial seguro: fato comum em qualquer cadeia produtiva emergente.
Esses estudos estão em ritmo acelerado e vem sendo capitaneados por expressivos e surpreendentes resultados em pesquisa, fruto do desdobrado e incansável empenho de dedicados pesquisadores, ligados a diversos institutos de pesquisas espalhados pelo Brasil e no mundo, comprometidos em apresentar soluções práticas aos reclames do mercado: e a aplicação da biotecnologia é uma das principais responsáveis pela domesticação e consolidação do pinhão manso, permitindo-o destiná-lo à produção comercial em grande escala.
1.2- Relativo ao preço do óleo
O preço de venda do óleo de pinhão manso no mercado brasileiro é ditado pelo biodiesel e  acompanha o das oleaginosas tradicionais e hoje está acima de R$ 2.000,00/ m³.
2-     Dados referenciais
Extraoficialmente, para determinar o custo do óleo, vamos adotar como parâmetro experiências de empresas que estão atuando nesse mercado. Exemplo: Saudibras - Caseara-TO, NOVABRA - Colatina-ES, BIOAUTO – Nova Mutum-MT.
2.1- Relativo ao custo do óleo
Experiência da SAUDIBRAS/2009
- Custo de produção do pinhão manso em hectare/ano, a partir da estabilização do cultivo (4º ano) = R$ 1.266,15;
- Produtividade de óleo de pinhão manso por hectare = 1.750 litros (35% de teor de óleo e 5.000 kg de grão/ha); e
- Custos operacionais e fator logístico = R$ 266,00/ m³ (estimado).
Temos:
- Custo do óleo = R$ 875, 52/m³
Fonte: Dados, de custo de produção e produtividade, cedidos pela empresa Saudibras/2009.
Experiência da NÒVABRA/2011
- Preço pago do grão pago ao produtor (agricultor familiar) = R$ 420,00/ton;
- Rendimento de óleo no grão = 380 litros/ton; e
- Custos operacionais e fator logístico = R$ 266,00/ m³ (estimado).
Temos:
- Custo do óleo = R$ 1.371,26/m³
2.2- Relativo ao preço do óleo para atendimento a clientes especiais
As expectativas que se criaram em torno do potencial do pinhão manso e a busca por alternativas viáveis para produção sustentável de biocombustíveis levaram várias empresas, laboratórios e institutos de pesquisas a uma busca frenética seu óleo, sobretudo no segmento da aviação comercial (bioquerosene). Essa demanda, associada à baixa produção e a descentralização das áreas de cultivo nacionais, provocou forte pressão no mercado elevando sobremaneira o preço do óleo de pinhão manso.
Algumas empresas brasileiras especializadas, que já atuavam nesse segmento,  anteciparam-se ao mercado e passaram a comercializar o óleo de pinhão manso para atender a esses clientes especiais. Elas conseguiram preços de venda bem acima do de mercado das oleaginosas tradicionais.
Um dos fatores que eleva sobremaneira o preço de venda do óleo de pinhão manso é o alto custo com  logística para centralizar a produção e gerar grandes volumes de óleo, uma vez que a produção brasileira, hoje, está pulverizada no território e provém de pequenas áreas. Por outro lado, boa parte desses plantios estão circunscritos às áreas de cultivos avaliativos e/ou experimentais, localizados nos institutos de pesquisa.
Essas empresas possuem um cadastro nacional de fornecedores (produtores de grãos) e conseguem formar grandes volumes comprando de vários pequenos produtores espalhados pelo território brasileiro.
Em 2011, uma dessas empresas conseguiu comercializar um lote de óleo de pinhão manso a R$ 5.000,00 o metro cúbico.
Continuamos afirmando que o maior gargalo do pinhão manso, no estágio atual de domínio sobre a cultura, é frutificação irregular que eleva os custos para colheita manual e inviabiliza a colheita mecanizada.
Defendemos que o cultivo comercial do pinhão manso está reservando à  agricultura familiar como forma de otimizar a mão de obra e outras atividades agrícolas e aumento e diversificação de renda.
Entretanto, em se penando em produção sustentável de biocombustível, empresas focadas na crescente demanda mundial por produtos sustentáveis, e com vista a atender ao pilar social, estrategicamente, vêm fomentando a produção de pinhão manso com inclusão da agricultora familiar. Regiões onde existem grandes concentrações desses agricultores estão sendo priorizadas por empresas que ambicionam centralizar o processamento em grande escala.
Prezados leitores, não somos donos da verdade. Objetivamos nesse blog subsidiar com informações e contribuir para o desenvolvimento do senso crítico sobre a cultura do pinhão manso. Desejamos que nossos participem ativamente dos artigos, colaborem conosco, inclusive descrevendo suas experiências - estamos aguardando.

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