segunda-feira, 23 de abril de 2012

IAC tem meta para lançar variedade de pinhão manso em 2015



Em sua busca por óleos vegetais alternativos utilizados para produzir biodiesel, cientistas brasileiros buscam acelerar o desenvolvimento de cultivar de pinhão manso (Jatropha curcas) de alto desempenho e viabilizar cultivos comerciais objetivando substituir a soja: oleaginosa da cadeia alimentar que responde por mais de 80% da fonte de matéria prima usada na produção do biodiesel brasileiro. 
Utilizamos deste artigo para destacar aos nossos leitores que as pesquisas em torno do domínio sobre a cultura do pinhão manso segue a passos largos e vários institutos de pesquisas disputam que sairá na frente nesta corrida pelo lançamento de cultivar de alto desempenho.
Abaixo descrevemos um artigo publicado pelo IAC que trata desse assunto e entre outros.
É sabido que o pinhão manso contêm 33% a 40% de óleo na semente e  este óleo é de alta qualidade muito alta para produzir biodiesel. Em comparação ao teor de óleo contido no grão de soja (15% a 18%) o ganho em produtividade por hectare supera 100%. Daí a razão do empenho dos pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) no estado de São Paulo. Eles têm um plano de lançar uma nova variedade de pinhão manso em 2015 que seria adequado para produção em larga escala em todo o Brasil. 
Pesquisas do IAC, em parceria com a Petrobrás, envolvem a obtenção de variedade com menor porte, atóxica e frutos de maturação uniforme, além do desenvolvimento de tecnologia para o manejo da cultura. Por se tratar de planta perene, programas convencionais de melhoramento dessa espécie poderão durar anos até a obtenção de uma cultivar. Por isso, as pesquisas em andamento, envolvem o uso de ferramentas biotecnológicas visando acelerar esse processo.
O pinhão-manso pode ser cultivado em qualquer tipo de solo e se adapta tanto em clima seco, quanto em úmido, podendo ser produzido do sudeste ao nordeste do País. Pode se adaptar a solos marginais, onde outras culturas não se adequam. A planta é considerada bastante resistente à seca, mas apesar disso tem seu nível de produtividade afetado pela distribuição irregular de chuvas ou pela ação prolongada de ventos na época do florescimento.
Outra vantagem da planta é que não compete com a produção de alimentos, já que, nos dois primeiros anos, pode conviver entre fileiras de culturas alimentícias de ciclo anual, visando à redução dos custos de implantação do pinhão-manso e servindo como fonte adicional de remuneração ao produtor, até que a sua produção se estabilize. Suas flores atraem abelhas e, intercalada com girassol, apresenta elevado potencial de produção de mel. Seus coprodutos são utilizados para produção de glicerina, adubos e, se detoxificados, podem ser usados na alimentação animal. O início de sua produção é aos seis meses e estende-se até os 40 anos.
Entrentanto, as variedades disponíveis hoje não foram além das usadas para a produção doméstica, mas isso está prestes a mudar. Os cientistas querem modificar a planta de várias formas, incluindo a sua altura. A altura natural da planta é de 5-6 metros, mas os pesquisadores planejam produzir uma variedade que não é mais que um metro e meio de altura para facilitar a colheita mecânica.
Outra característica à ser modificada é que todas as frutas devem tornar-se maduras ao mesmo tempo, também para facilitar a colheita mecânica. Atualmente a planta e sementes são venenosas, mas os pesquisadores acham que será capaz de eliminar as toxinas da semente de modo que o resíduo que sobra depois que o óleo foi extraído possa ser usado na alimentação animal. Eles também tentarão incorporar maior resistência contra pragas e doenças nessa nova variedade. 
Em cultivos experimentais conduzidos no Estado do Mato Grosso, os investigadores estão adotando duas abordagens diferentes para atingir seu objetivo. Uma abordagem é usar alguma variabilidade hereditária encontrada em variedades existentes da planta para desenvolver a nova variedade com mais características desejáveis. A outra abordagem é identificar se as características desejáveis, tais como a tolerância ao frio ou a escassez de água já existentes em espécies selvagens da planta e, em seguida, as incorporar nessa nova variedade.
Nas áreas tropicais mais quentes da América Central e do Sul, as flores da planta dão frutos duas vezes por ano, mas no sul do Brasil, só uma vez. Os pesquisadores acreditam que a planta pode ser cultivada por pequenos, médios ou grandes agricultores, mas apenas uma grande escala de produção poderia justificar a construção de uma usina de biodiesel. Técnicas utilizadas para a produção de mamona também podem ser usadas para produzir pinhão manso.
As sementes podem ser armazenadas por longos períodos de tempo sem qualquer deterioração do óleo e uma vez que ele não é comestível, e evitaria a questão: alimento X combustível, que é constantemente levantada com o etanol de milho e biodiesel à base de soja. O debate “alimentosXcombustíveis” pode também manter outras alternativas potenciais, tais como óleo de palma, óleo de amendoim e óleo de semente de algodão, sempre que a produção alcançar larga escala. O Pinhão Manso seria unicamente cultivado para produção de biodiesel.

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