Experimento testou o pinhão manso como forrageira na alimentação de ruminantes. Veja abaixo mais detalhes.
Análises de folhas de pinhão manso cultivados
em condições irrigadas e em sequeiro encontraram valores de proteína bruta ao
redor de 14,5% e disgestibilidade de 55%. Estes índices são próximos aos
encontrados em plantas de média e boa qualidade forrageira. Os testes foram
realizados no Laboratório de Nutrição Animal da Embrapa Semiárido.
Os pesquisadores da Embrapa, que
já estudam as propriedades oleaginosas da espécie e o sistema produtivo
adequado à introdução da planta no programa brasileiro de biocombustíveis,
avaliam qualidades forrageiras para viabilizar sua introdução pelos
agricultores familiares do semiárido. Se viabilizarmos estas duas aptidões do pinhão manso damos
um passo importante para consolidar uma alternativa econômica sustentável para
os pequenos agricultores da região, afirma o pesquisador José Barbosa dos
Anjos, da Embrapa Semiárido.
Domesticação – Apesar dos resultados animadores, o pinhão manso ainda
carece de informações agronômicas consistentes para o seu cultivo em escala
comercial. Em todo o planeta, a espécie está em vias de domesticação. Dados
sobre produtividade, manejo de pragas e doenças, podas e espaçamento entre
plantas, praticamente não existem na literatura técnico-científica. Por isto,
ainda não é recomendado o seu uso forrageiro: a planta apresenta princípios
tóxicos que ainda não foram dosados em condições brasileiras. Eles vão ser os
próximos alvos de estudos, explica o pesquisador Luiz Gustavo Ribeiro Pereira,
da Embrapa Semiárido.
No ensaio piloto conduzido no
Laboratório de Nutrição Animal com ovinos foi constatado que, em conseqüência
da elevada acidez no látex (pH variando entre 2,0 e 3,0), as folhas verdes de pinhão manso não
são ingeridas pelos animais. Contudo, quando processadas e submetidas ao
processo de secagem ao sol (fenação), os animais consumiram sem dificuldade. No
entanto, Luiz Gustavo aponta a necessidade de estudos mais aprofundados e
detalhados para avaliação de consumo, desempenho, digestibilidade e impactos no
metabolismo e saúde dos animais. Em outros países, já foram identificados na
planta do pinhão manso a presença de fatores cancerígenos,
anti-tripicínicos, alergênicos, e tóxicos (curcina).
Diversificação – Tão importante quanto a necessidade de pesquisas, José Barbosa
dos Anjos considera fundamental estabelecer uma estratégia de exploração para
o pinhão manso. Nas áreas de sequeiro do semiárido, o cultivo
comercial de pinhão manso precisa ser estimulado não como
monocultivo, mas alternativa para ampliar a diversificação dos seus sistemas
agrícolas.
A continuar os bons resultados
alcançados pelas pesquisas até o momento, Barbosa considera a possibilidade do
plantio consorciado com capim buffel. Na área semi-árida do Nordeste, existem
cerca de 400 mil ha cultivados com este capim. Como os animais não consomem as
folhas verdes do pinhão manso, este pode ser uma opção estratégica
para plantio nas terras cultivadas com o buffel, defende Barbosa.
Fonte:
Embrapa Semiárido Nordeste
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