segunda-feira, 2 de abril de 2012

Embrapa consegue reduzir toxidez da torta de pinhão manso


Para agregar valor à cadeia produtiva do pinhão-manso, pesquisadores estão desenvolvendo tecnologias para destoxificar a torta. A torta é a biomassa resultante do esmagamento das sementes de pinhão-manso durante o processo de extração do óleo. Em culturas como a soja, ela é transformada em farelo e vendida para alimentação, constituindo o principal produto da cadeia produtiva da oleaginosa. No pinhão-manso, no entanto, ela contem substâncias tóxicas, como a curcina e ésteres de forbol, que impedem o emprego na fabricação de rações.
Outra frente de trabalho dos cientistas é a busca de usos alternativos para o material, tais como a produção de bioplásticos. Em julho/2012, em Brasília, acontecerá um Simpósio onde estarão reunidos especialistas que estão trabalhando com o tema para discutir o estágio da pesquisa e as formas de aproveitar essa biomassa.
 Desde 2008, a Embrapa Agroenergia vem estudando formas de destoxificar a torta de pinhão-manso, com o objetivo de usá-la como ração animal.  A pesquisadora Simone Mendonça explica que estão sendo testadas três metodologias de tratamento do material: com solventes, por extrusão e microbiológica. Até o momento, os melhores resultados foram obtidos com os solventes, que conseguiram eliminar 80% da toxidez. Contudo, testes realizados com ovinos mostraram que é preciso obter uma redução ainda maior para que o produto possa ser oferecido aos animais.
 A equipe está focada, agora, no desenvolvimento dos processos biológicos de destoxificação e no aprimoramento das técnicas que utilizam extrusão e solventes. A combinação dessas diferentes metodologias também tem sido objeto dos experimentos realizados pelos pesquisadores. Simone explica que o principal objetivo do grupo é reduzir o teor dos ésteres de forbol, substância presente na torta de pinhão-manso com toxidez comprovada.
Em escala laboratorial e combinando diferentes estratégias, a instituição de pesquisa já conseguiu aumentar o índice de redução do teor de ésteres de forbol para 90%. Os pesquisadores, agora, trabalham para conseguir obter os mesmos índices em escala piloto.
 Embora ainda não se tenha conseguido obter um índice de destoxificação suficiente, estudos com ovinos comprovaram que o produto é nutricionalmente adequado. As tortas de variedades não-tóxicas (isentas de ésteres de formol) foram adicionadas ao concentrado de farelo de soja nas proporções de 20%, 40% e 60%. Em nenhuma delas houve perda de produtividade. “Constatamos que a qualidade da carcaça dos animais era tão boa quanto a dos que foram alimentados apenas com farelo de soja”, conta Simone.
 A pesquisadora apresentará os resultados obtidos até o momento pela Embrapa Agroenergia, no evento de julho. A programação completa do Simpósio estará disponível no site da Embrapa Agroenergia (www.cnpae.embrapa.br). As inscrições são gratuitas e já podem ser feitas pelo e-mail sdat.cnpae@embrapa.br, informando nome completo, profissão instituição a que está vinculado, cargo e telefone para contato.
 O Simpósio de Destoxificação e Aproveitamento de Tortas de Pinhão-manso e Mamona será realizado nos dias 3 e 4 de julho, e não mais em março. O local permanece o mesmo: Embrapa Estudos e Capacitação (Cecat), em Brasília/DF. Também continua confirmada a participação do diretor da área de produção animal da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Harinder Makkar. O Simpósio é promovido pela Embrapa Agroenergia, com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

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