Para agregar valor à cadeia produtiva do pinhão-manso, pesquisadores estão desenvolvendo tecnologias para
destoxificar a torta. A torta é a biomassa resultante do esmagamento das
sementes de pinhão-manso durante o processo de extração do óleo. Em culturas
como a soja, ela é transformada em farelo e vendida para alimentação,
constituindo o principal produto da cadeia produtiva da oleaginosa. No
pinhão-manso, no entanto, ela contem substâncias tóxicas, como a curcina e
ésteres de forbol, que impedem o emprego na fabricação de rações.
Outra frente de trabalho dos
cientistas é a busca de usos alternativos para o material, tais como a produção
de bioplásticos. Em julho/2012, em Brasília, acontecerá um Simpósio onde estarão
reunidos especialistas que estão trabalhando com o tema para discutir o estágio
da pesquisa e as formas de aproveitar essa biomassa.
Desde 2008, a Embrapa Agroenergia vem
estudando formas de destoxificar a torta de pinhão-manso, com o objetivo de
usá-la como ração animal. A pesquisadora Simone Mendonça explica que
estão sendo testadas três metodologias de tratamento do material: com
solventes, por extrusão e microbiológica. Até o momento, os melhores resultados
foram obtidos com os solventes, que conseguiram eliminar 80% da toxidez.
Contudo, testes realizados com ovinos mostraram que é preciso obter uma redução
ainda maior para que o produto possa ser oferecido aos animais.
A equipe está focada, agora, no
desenvolvimento dos processos biológicos de destoxificação e no aprimoramento
das técnicas que utilizam extrusão e solventes. A combinação dessas diferentes
metodologias também tem sido objeto dos experimentos realizados pelos
pesquisadores. Simone explica que o principal objetivo do grupo é reduzir o
teor dos ésteres de forbol, substância presente na torta de pinhão-manso com
toxidez comprovada.
Em escala laboratorial e combinando
diferentes estratégias, a instituição de pesquisa já conseguiu aumentar o
índice de redução do teor de ésteres de forbol para 90%. Os pesquisadores,
agora, trabalham para conseguir obter os mesmos índices em escala piloto.
Embora ainda não se tenha conseguido
obter um índice de destoxificação suficiente, estudos com ovinos comprovaram
que o produto é nutricionalmente adequado. As tortas de variedades não-tóxicas
(isentas de ésteres de formol) foram adicionadas ao concentrado de farelo de
soja nas proporções de 20%, 40% e 60%. Em nenhuma delas houve perda de
produtividade. “Constatamos que a qualidade da carcaça dos animais era tão boa
quanto a dos que foram alimentados apenas com farelo de soja”, conta Simone.
A pesquisadora apresentará os
resultados obtidos até o momento pela Embrapa Agroenergia, no evento de julho.
A programação completa do Simpósio estará disponível no site da Embrapa
Agroenergia (www.cnpae.embrapa.br). As inscrições são gratuitas e já podem ser
feitas pelo e-mail sdat.cnpae@embrapa.br, informando nome completo, profissão
instituição a que está vinculado, cargo e telefone para contato.
O Simpósio de Destoxificação e
Aproveitamento de Tortas de Pinhão-manso e Mamona será realizado nos dias 3 e 4
de julho, e não mais em março. O local permanece o mesmo: Embrapa Estudos e
Capacitação (Cecat), em Brasília/DF. Também continua confirmada a participação
do diretor da área de produção animal da Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO), Harinder Makkar. O Simpósio é promovido pela
Embrapa Agroenergia, com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA).
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